Olhar-se e perceber-se

Por mais paradoxal que possa parecer, olhar-se a si mesmo não é fácil, ou melhor, perceber-se em profundidade, no que nos é possível perceber de nossa reduzida porção objetiva frente a enorme parcela inconsciente que nos faz subjetivamente ser quem somos, é deveras difícil, entretanto é um exercício de ser que todos deveríamos encarar. Ao olhar-se, não se olhe apenas com seu cotidiano olhar, olhe-se com outros olhares, busque-se de diversas perspectivas, esquadrinhe-se de diferentes pontos de vistas, mas é necessário coragem, sinceridade e profundidade. Ninguém é exatamente o que deveria ser, ou o que gostaria exatamente de ser, somos seres complexos, com elevado grau de inconsciência, apesar de acreditarmos, ao contrário, sermos dotados de um domínio consciente alto, quase pleno. Boa parte de nosso processamento mental se faz em silêncio cavernoso, longe, muito distante do que possamos conscientemente perceber, e isso parece paradoxal para muitos de nós, nos levando muitas vezes a duvidar de que possa ser verdade. Cada um é cada um, único, contudo somos todos múltiplos, complexos, e com uma falsa percepção de que nos é possível ser plenamente conscientes do que somos. Somos assim, e isso não deve nos esmorecer em nossa busca por conhecermos a nós mesmos. Isto apenas eleva a beleza desta busca, isso aumenta a responsabilidade por esta procura, que deve ser continuamente balizada contra as atitudes, comportamentos e condutas que praticamos, pois temos a fácil tendência a criar uma imagem de nós mesmos como verdade absoluta, que nem percebemos que muitas vezes esta imagem está desalinhada, desacoplada e sem coesão, com o como realizamos nosso viver.



Sou um ateu racional e um livre pensador, ou melhor, eu sou um ateu que tenta ser (que se compromete a ser) racional e livre pensador.

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