Simpatia e crueldade, todos temos
“Tanto a simpatia, quanto a crueldade dependem da capacidade de imaginar como nosso comportamento afeta os outros. Animais de cérebro pequeno como os tubarões, certamente podem ferir outros, mas o fazem sem ter a menor ideia do que os outros irão sentir, nos grandes primatas, incluindo nós, o cérebro já é suficientemente complexo para possibilitar a crueldade. ” Esta frase não é minha, é do grande Frans de Waal, no seu livro “Eu primata”, livro que recomendo a leitura, como qualquer outro livro deste importante e conhecido primatologista.
Tanto a simpatia, quanto a crueldade, dependem de termos a capacidade mental de sentir o que os outros sentiriam, pois que simpatia e crueldade, só tem sentido pessoal, pela capacidade de ajudar, de compartilhar, de estar uno, na simpatia, e de maltratar, de fazer sofrer, ou de humilhar, na crueldade. Estes “sentidos” fazem parte da capacidade mental desenvolvida ao longo dos milhões de anos, e de alguma forma envolvem empatia.
Na guerra armada pelo cérebro, contra o cérebro dos outros, aprendemos tanto a mentir e a esconder o que somos, o que sentimos e o que queremos, como desenvolvemos também como contra defesa a capacidade de perceber nos outros o que eles estariam sentindo, ou mesmo estariam tentando nos esconder ou mentir, e desta luta, a empatia se desenvolve. Ela é natural, mas precisa de reforço e uso para se tornar naturalmente humana. Nesta sensação de empatia, a podemos aprimorar para o uso digno do bem querer, da simpatia, da sensibilidade pelo sofrimento dos outros, ou a podemos usar para cruelmente massacrarmos nossos “oponentes”, tanto a podemos usar contra seres humanos, ou contra a natureza em geral, incluindo aí demais seres vivos. Não sei exatamente o que faz com que alguns deem maior uso e familiaridade com um tipo, e outros, pelo tipo diferente. Entendo que todos temos as duas vertentes da empatia, que todos temos empatia para usá-la de forma simpática ou cruel, para o uso de somar e de ajudar, ou para o uso de destruir e maltratar. O que me importa aqui, é que não podemos fazer vistas grossas de que somos capazes de ser perversos e cruéis, mesmo que nos achemos boas pessoas (talvez aqui devamos ter maiores cuidados ainda, pois podemos cair na tentação de que sendo bons, estamos livres do lado mau da força mental), e que mesmo nos mais cruéis, a empatia pode ainda ser usada para engrandecimento humano. É importante que tenhamos cuidado sobre o uso que fazemos de nossa capacidade empática, até a onde podemos ter alguma consciência do que somos, e do que fazemos, mas não podemos nos cegar a possibilidade de vez por outras, mesmo com todo o cuidado, de sermos tão cruéis quanto aqueles que percebemos como cruéis.
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