Se a vida quer me levar?
Se a vida quer me levar?
Que leve.
Se a vida quer me deixar?
Que deixe.
Se a vida quer....
A vida nada quer.
Cá estou eu dando intenção a algo neutro, e sem capacidade para tal. A vida nada quer. Fatalidades, boas ou ruins, acontecem. Eventos aparentemente aleatórios, envoltos em complexidade de ser e acontecer, interferem-se mutuamente, horas se reforçando, horas se destruindo, outras horas dando apenas uma nova roupagem e um novo caminho, e em algum momento interferem, direta ou indiretamente, com o nosso viver. Somos nós “fazedores e inventores” de intenções, e acabamos assim confundindo causas neutras e aleatórias, como intenções da vida, ou mesmo com destino intencional do que tinha e do que tem que acontecer.
Somos iludidos de bons olhos, porque ao olharmos para o passado vemos uma única linha sequencial, contínua, sucessiva e encadeada de eventos e acabamos nos enganando como se este fosse o único caminho causal possível. Acabamos percebendo todos os eventos múltiplos que permitiram este encadeamento, como se possuíssem um plano, um destino ou uma intencionalidade em suas ações, causas e consequências. Entretanto, na verdade, na maioria das vezes, este foi apenas um caminho aleatório seguido, dos quase infinitos possíveis de antemão, e não aquele caminho que tinha e que devia ser seguido. Não houve assim intenção ou plano, houve sim aleatoriedade natural, pontilhada com escolhas muitas vezes intuitivas e induzida.
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