Não

Não fomos projetados; mas podemos ser capazes de projetar.

Não somos o desígnio de nenhuma inteligência; mas possuímos inteligência para designar.

Não temos especial razão para aqui estarmos; mas podemos racionalizar já que aqui estamos.

Não somos importantes para o universo; mas podemos ser importantes enquanto seres sociais.

Não podemos reconstruir do zero este mundo; mas podemos transformá-lo, transformando-nos primeiro.


Não somos perfeitos o suficiente para crer em infalibilidade; mas podemos ser humanos o suficiente para reconhecer nossas falhas e continuar tentando acertar.

Não somos dignos o bastante para servir de exemplo de sabedoria, altruísmo, humanidade e felicidade, mas podemos ser ousados o suficiente para construir nosso amor e nele encontrar a sabedoria do viver, o altruísmo no viver, a humanidade para viver e a felicidade neste viver.

Não somos revoltados o suficiente para revolucionar a sociedade humana que mantemos, mas podemos ser competentes para pelo menos tentar.

Não somos o resultado primoroso de nada; mas somos o resultado de uma evolução focada no erro de cópia, na especialização e na seleção natural daqueles espécimes mais preparados para deixar descendentes.

Não somos a imagem da perfeição em nada; mas podemos buscar alguma perfeição em tudo o que fazemos.

Não somos donos de nada neste mundo; mas deveríamos ser usuários conscientes de tudo neste mundo.

Não somos imagem e semelhança de nenhum deus, mas criamos um deus que é a imagem e semelhança do que gostaríamos que ele fosse.

Não somos eternos; mas podemos viver tão intensamente o presente com amor, que a eternidade passa a ser mero detalhe de menor importância.

Não nasci sendo, então, já o eu que hoje sou; mas nasci sendo uma prévia incerta e incompleta deste eu.

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