No geral sou tão geral (sou humano como todos)
No geral sou tão geral como todos os demais seres humanos. Em um mundo onde quase todos estamos em uma média, devo também estar nela, torcendo não estar muito abaixo dela, e tendo a certeza que não tenho nenhum maior desvio acima dela. Que bom, assim, no geral, posso me entender vendo os outros, e posso entender os outros, me analisando e me observando. Sou capaz do que a maioria é capaz, pelo bem e pelo mal. Posso em alguns itens isolados estar um pouco acima da média, mas com certeza em outros variados itens estarei abaixo da sua média, o que deve me por, no geral, na média. Sou um ser humano médio. Sou assim capas de coisas boas e de coisas más, seja lá onde a teórica linha divisória possa passar, sou capaz de humanidade e de desumanidade, sou capaz de sorrir e de chorar, posso ser bondoso, mas tenho a certeza que já me comportei como perverso em outras vezes, assim sou humano, mais complexo ainda pois que meu circuito neural, aquele que me faz ser quem sou, aquilo que me faz ser eu, e que permite minha mente, é plástico e se altera continuamente. Só isso já não bastasse para me fazer complexo e diferente a cada instante, sou também múltiplo, é como se em um único cérebro, existissem vários circuitos neurais concorrendo pelo domínio momentâneo do ser que sou, e tudo isso ocorrendo abaixo do nível de consciência. Mas até nisso sou como os outros, no geral somos muito parecidos, no geral estamos na média do que seja ser um ser humano natural. Mas é facilmente perceptível que somos diferentes e únicos, sim somos únicos e diferentes, mas no geral, cerebral e mentalmente (pelo menos entre os que possuem alguma mínima que seja saúde mental) somos parecidos. O que nos muda são além de detalhes pontuais, um desejo sincero do que valoramos para nos expor por sua construção, o que pode nos diferenciar a médio e longo prazo, é uma vontade compromissada com nossa transformação em direção a um estado prático, pragmático, e real, de passamos a ser um pouco mais aquilo que valoramos, e individualmente valoramos diferentemente, diferentes coisas, uns valoram muito bem a amizade, o respeito, a liberdade com responsabilidade, o amor, e o social, outros valoram muito os bens, as posses, o poder, a vaidade, a libertinagem, os interesses pessoais, e outros valoram diferentes relações de valores entre estes itens. Isto nos faz diferentes a longo prazo, não sei se melhor ou pior, mas sei que diferentes. Talvez presunçosamente creia que sei os valores que nos fazem melhores, mas é tão somente uma visão pessoal, que pode estar distorcida pelo que sou inconscientemente, ou pelo que fui me transformando ao longo do meu existir. Legal, como tenho uma mente plástica, devo aproveitar esta facilidade para ir construindo aquilo que entendo ser melhor para o bem-estar social, e devo sempre procurar encontrar que valores são estes, baseados em racionalismo, análise crítica, e sinceridade na abordagem. Assim não sou melhor e nem pior, espero ser um com todos e todos com um, sendo assim um ente da média, um ente que deveria valer menos que as obras, ou os exemplos que faz e que deixa. Ser um em plena comunidade, entretanto ser um sendo único. Quem sabe sendo apenas mais um, contudo apenas mais um que dá valor, se compromete, e que se dispõe, segundo seus valores levantados racionalmente, a ajudar coletivamente a elevarmos esta média, podendo assim continuar sendo um ente da média, em pleno mundo das médias.
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