Não creio que exista alguma lei do retorno

Não creio que exista alguma lei do retorno, pelo menos não como algo efetivo. Existe algo como uma natural probabilidade, baseado no seu histórico de vida, como exemplo posso dizer que se alguém construiu um viver em que prezava o respeito e a amizade, esta pessoa terá uma boa probabilidade de receber ajuda de algum dos muitos que compartilharam do seu viver, quando precisar de alguma ajuda, em contrapartida alguém que construiu uma vida em ódio, desprezo pelos outros, e arrogância, terá grande probabilidade de ser esquecido pelos que com ele conviveram, mesmo quando precisar de algum tipo de ajuda. Se eu dirijo agressivamente, sempre no limite da segurança, é bastante provável que eu me envolva em algum acidente.

Nem sempre o que aqui se faz, aqui se paga, e se aqui não pagamos, não pagaremos em lugar algum. Outras vezes “pagamos” pelo que não fizemos.


A realidade existencial é uma plena realização do caos, e neste estado caótico de ser e de existir, causas várias, múltiplas, muitas vezes díspares e mesmo desconhecidas, se somam para produzir efeitos totalmente inconcebíveis e inesperados. A maioria das vezes não existe intencionalidade, ou causa única para aquilo que acontece no momento presente. Tendemos a ver esta intenção, pois nos é impossível perceber a grandeza da complexidade caótica do existir.

O conceito do “efeito borboleta” não é apenas uma ilusão ou uma figura de estilo ou de efeito. Verdadeiramente, em um caso extremo, um bater de asas de uma borboleta no Rio de janeiro, ou um simples espirrar de alguém, pode realmente acabar, ao longo do tempo, e em comunhão com outros quase infinitos eventos desconhecidos, simplesmente por efeitos em cascata que se somam, se combinam, que se anulam, mas que se proliferam, acabar afetando um todo muito maior, criando ou ajudando a criar um vendaval em outra cidade.

Uma ação, muitas vezes sem maiores pretensões históricas, pode mudar todo o rumo de uma história futura. Parar alguém na rua para perguntar as horas já muda a história futura de quem parou para perguntar e de quem foi parado para responder. Parar ou não em um sinal de trânsito que ainda está amarelo, pode ser um diferencial para que algo na frente aconteça ou não aconteça. O viver é assim, somos continuamente “bombardeados” por efeitos que se transformam em causas para eventos em nosso viver, que não estão sobre nosso controle, mas que impactam nosso viver, horas para melhor, horas para pior. Uma bala perdida, um trocar de calçada, uma parada para um lanche, deixar para pegar o próximo ônibus por que este não tem lugar sentado, podem mudar toda uma sequência, simplesmente por que não há sequência, há um presente que se realiza unicamente no presente, e ele vai sendo afetado por ações nossas ou dos outros no presente e no passado, ou mesmo eventos naturais agora e também no passado. É assim que eu leio a existência e o viver, posso estar certo ou errado, mas não tenho evidência forte alguma para crer na lei do retorno, pois se para alguns ela parece ter atuado, para outros ela parece piada de mau gosto, pelo que acabam passando e pelo que fizeram, assim o importante é ter em mente que não colecionamos bônus para um futuro, não fazemos o bem porque esperamos retorno algum, fazemos o bem, buscamos uma dignidade social, nos expomos por alguma transformação simplesmente porque entendemos claramente que isto é o que se deve fazer, e ponto.


#ateuracional

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