Família e filhos
Uma família é uma coisa esplendorosa, capaz de dar coerência a nossa jornada, agregar o relacionamento humano de todos, proteger os filhos (se existirem, pois que podem não existir), e possibilitar uma integração tal que a educação e a instrução, o cuidado e o zelo, o respeito e a liberdade com limites, passa a ser de todos e para todos, passam a ser tarefas comuns naturalmente a todos. Mas o que é esta tal realidade chamada família. Para alguns conservadores, família seria algo como um pai, uma mãe, e seus filhos, um relacionamento heterossexual de pais e seus filhos. Dizer que isto não pode ser uma família, seria mentir. Eu gostaria de deixar claro que não me refiro ao conceito legal (brasileiro) de família, estou tentando falar o que penso e o que sinto como família. Assim, apesar de uma família poder ser a tradicional e conservadora visão de família, o que mais me importa é que para que eu considere realmente uma família, deve existir um princípio comum de respeito, compromisso, e bem querer, que deve nortear o conceito do que entendo ser uma família. Um pai, uma mãe, com ou sem filhos, que não se respeitem, que não sejam comprometidos com o bem querer dos demais, que não sejam mais do que a soma natural do que cada um é, não é uma família para mim. Assim, o que deve nortear a definição de uma família, para mim, não é a consanguinidade, ou a formalidade pai e mãe, e sim o entrelaçamento profundo em amor, em compromisso, em bem querer, em se respeitarem mutuamente, em alcançarem uma soma total sempre maior do que a soma individual de cada um de seus integrantes, assim, uma família, para mim, seria qualquer integração forte, desejada, multilateralmente compromissada (todos por todos), globalmente respeitosa, em que todos sejam realmente um, e que cada um seja uma espécie necessária para a família em si. Desta forma, entendo que o Amor tenha muito mais valor que a estrutura formal ou não de uma família. Para desespero dos conservadores, uma família não é, e não pode ser, formalmente estruturada unicamente em um pai e uma mãe, uma família pode ser composta por dois homens, duas mulheres, um homem e uma mulher, ou quem sabe até por combinações maiores (composta por mais de dois que se amem, e se respeitem mutuamente), ou menores (apenas uma mãe e seu filho, ou um pai e seu filho), desde que a gratidão e o amor sejam máximos por integrarem esta família. Uma família não pode ter como regra a procriação, pois que senão homens ou mulheres estéreis, também estariam alijadas de poderem compor uma família. Eu sei que este assunto pode ser polemico, e tenho a certeza que fiquei longe de cobrir todo o assunto, entretanto não vou me alongar muito neste post, em breve volto a este assunto, mas o que desejaria deixar marcado é que, para mim, uma família deve ser respeitada pelo que é, e não pela sua estrutura formal de ser.
Construir nossa família e nela termos nossa morada é uma experiência que vale toda e qualquer atribulação natural da convivência contínua. Descobrimos que em família somos mais sadios, mais fortes, e nem por isto necessariamente mais excludentes. Aprendemos em família que amar é um ato solitário do ponto de vista de quem o faz, mas social do ponto de vista de quem o recebe. Que o amor individual é solitário, mas quando o foco é comum, sua força se multiplica. Assim, em família damos os primeiros passos em nossa humanidade e no aprendizado da valoração da dignidade humana e social, bem como na valorização da vida.
Cabe apenas lembrar que um amontoado de pessoas vivendo juntas, mesmo que com consanguinidade, não faz por si só uma família. Uma família é um constructo consciente, onde todos e cada um sabe a importância do amor que os une, e da necessidade social que um dia os pode separar fisicamente, mas nunca emocionalmente.
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