Passageiros de nossa vida

Somos passageiros de uma vida sem um destino final pré-estabelecido, mas independentemente do que creiamos, temos um tempo finito e a morte nos levará para o nada existencial eterno, independente do lugar em que estejamos, independente do que tenhamos ou mesmo de quem quer que sejamos. Podemos ser apenas caronas nesta única realização do viver que temos, meros passageiros, ou podemos ser parte ativa e atuante nesta realização, mesmo sabendo que não há destino final, mesmo tendo a certeza de que nos é impossível ter tudo sobre controle, e que todas as baldeações são transitórias, que todas as paragens são temporárias, entretanto sabendo que jamais nos tirarão do presente que experimentamos, enquanto nos for possível experimentá-lo. Em comunhão com um caótico existir, para cada um de nós existe apenas a realização do nosso viver, e a capacidade de pelo menos tentarmos fazer ter valido a pena cruzar esta jornada de vida, deixando amigos, deixando exemplos, deixando boas lembranças no coração e nas mentes de amigos que construímos pela nossa contínua reconstrução pessoal, e se possível deixando obras pelo bem social.

Ao nascer somos carimbados pela fatalidade do tempo que nos levará, de novo, para a eternidade do nada. Podemos assim ir culpando a vida, ou ir tentando construir nossa humanidade no contínuo, inexorável e incontornável momento presente de nosso existir. 

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Aproveito esta publicação como uma forma de conversar com uma Amiga, que me encaminhou uma mensagem a qual destaco abaixo algumas "perguntas" com minhas considerações.

No fundo me sinto mal tentando explicar o porquê do que escrevi, posto que escrevo o que sinto e o que desejaria falar a muitos. Assim, foi com relutância que me atrevi a comentar o escrito, apenas porque respeitei sua mensagem.

No geral, no texto em que usas como referência, tentei expressar o porquê de minha crença materialista, naturalista, secular, cética e realista, jamais tentaria expressar o que pensam todos os demais, pois que somente me é dado conhecer em verdade (e mesmo assim parcial, incompleta e com falhas, o que sou, o que sinto e o que penso): Tendo uma única oportunidade, me dada por uma contingência absurdamente improvável de que eu (este ser senciente, pensante e atuante, que aqui está) pudesse ter nascido, mesmo que apenas limitando ao único ato sexual de meu pai e de minha mãe, muitos milhões de espermatozoides foram lançados à jornada da procriação, e dos óvulos de minha mãe apenas um foi liberado ao palco, e assim daquela multidão de espermatozoides e daqueles muitos óvulos originalmente existentes, que permitiriam somente neste evento quase infinitos diferentes combinações genéticas, e assim seres à nascer, um único espermatozoide e um único ovulo permitiu que a célula mater que viria a ser eu fosse fecundada (qualquer outra combinação já daria um outro ser. Nos mantendo apenas neste ato, pois que outros devem ter acontecido, e a morte natural de vários milhões de espermatozoides, levariam a outras infinitas combinações, agora podemos acrescentar esta mesma situação para meus pais, meus avos, meus tatatatataravos e assim por diante, o que leva a uma improbabilidade quase total de que eu aqui esteja. E mesmo assim eu nasci e tenho agora uma única chance para realizar a minha vida, não existe passagem para nenhum novo lugar (celeste ou inferno), nem direito a segunda época ou recuperação (reencarnação). Por isto posso levar esta única vida apenas como observador ou como ousado construtor do meu presente, eu sei que não temos o poder absoluto para escolhas plenas. Entre aspas tendo documentar exatamente seu texto, o que nem sempre reflete exatamente o publicado originalmente.



Quanto a sua pergunta do porquê “Somos passageiros de uma vida sem destino final”. (Cada vida, e a minha não é diferente, é uma vida em que nasci do nada e para o nada retornarei – sem passagens, sem céu, sem inferno, e sem destino. Se existe algum destino é a morte mental (do ser que sou) plena, total e absoluta, mas nesta sentença o que realmente tentei destacar era a importância para uma vida que sempre é única.)

Quanto a sua pergunta do porquê “Podemos ser apenas caronas nesta única realização do viver que temos, ou podemos ser parte ativa e atuante nesta realização, mesmo sabendo que não há destino final, e que todas as baldeações são transitórias e jamais nos tirarão do presente que experimentamos”. (Mais uma vez tentei comentar que não existindo nada além desta única realização do viver que nos é dado pela aleatoriedade de inúmeros eventos ao longo de todo o passado, podemos, mesmo assim, apenas viver sem ousadia, sem dedicação, sem nenhuma energia transformadora, ou podemos tentar construir nosso presente, sabendo que sempre estaremos a mercê de eventos que algumas, talvez muitas vezes, sequer conheçamos suas origens)

Quanto a sua pergunta do porquê “Existe apenas a realização do nosso viver, e a capacidade de pelo menos tentarmos fazer ter valido a pena cruzar esta jornada de vida, deixando amigos, deixando exemplos, deixando boas lembranças no coração e nas mentes de amigos que construímos pela nossa contínua reconstrução pessoal”. (Em continuação, tento comentar que acredito que a vida vale muito a pena, exatamente por ser única, breve e fatal. Como materialista ateu não tenho motivos para desejar a morte, mas sim motivos para a aceitar como inapelável, como cem por cento provável, como uma das únicas certezas que possuo, e por isto a vida é e deve ser tida como material, natural e pessoalmente sagrada. Podemos e devemos tentar, na realização do nosso viver deixar exemplos e criar laços de verdadeiro amor universal)

Quanto a sua pergunta do porquê “Ao nascer somos carimbados pela fatalidade do tempo que nos levará, de novo, para a eternidade do nada. Podemos assim ir culpando a vida, ou ir tentando construir nossa humanidade no contínuo e incontornável momento presente de nosso existir." (Podemos assim culpar a vida pelo que somos e pelo que não conseguimos transformar, ou nos expor e ousar sempre por alguma transformação)

Creio que o resto de sua mensagem reflita apenas sua opinião, a qual respeito, mas não posso deixar registrado que não comungo com ela totalmente.



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Sou um ateu racional e um livre pensador, ou melhor, eu sou um ateu que tenta ser (que se compromete a ser) racional e livre pensador.

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