O AMOR

O Amor, os vários sentimentos de Amor possuem em comum algumas linhas vertebrais centrais que são, de uma forma geral, a direção (sempre) de dentro para fora, sem jamais abrir mão de uma racionalidade crítica necessária a construção diária deste amor em verdade e em vontade, além de um estado respeitoso, e um sentimento natural de bem querer.

O Amor tem que ser libertador, se não o for, ele não é Amor verdadeiro. Qualquer sentimento que aprisione, que subjugue, que domine, que reprima, que doutrine, que sufoque, ou que diminua, não é amor. Nem toda ação libertária é reflexo de amor, pode ser apenas modinha, interesses do capital ou do neoliberalismo (entre outras), mas todo ato de amor vem envolto, salpicado, temperado, e entremeado de um compromisso libertário, pois quem ama não quer para si, quer consigo, tudo bem, quer para a vida, para o bem-estar social, quem ama, não ama por seus interesses, ama pelo interesse maior da felicidade, da realização e do compromisso com o todo, ama pelo bem do ser amado, sendo em si mesmo apenas um multiplicador, um retransmissor, um doador, um eco humano do respeito, do bem querer, e do compromisso libertário.

O amor não pode ser possessivo, limitador ou egoísta, uma vez que o amor é um estado de espírito em contínua construção, passo a passo, que povoa nossa mente como uma rede translúcida de sentimento, emoção e razão. O Amor não pode ser possessivo exatamente porque ele é uma doação de um pouco de nós mesmos para o outro, para os outros, para o social e para a sociedade, se me doo, nada cobro, nada exijo, e nada pego para mim. O Amor verdadeiro não exige uma via de mão dupla, eu realizo o Amor no que de mim transfiro de bem para o mundo como um todo, não seria tolo de negar que um amor pessoal ou social correspondido, em duas vias, é muito mais prazeroso, mais o Amor não busca necessariamente o prazer como realização de seu atuar.

O Amor não pode ser limitador no sentido de que eu tenha uma vontade de algo fazer, um desejo a ser alcançado, e tanto o exercício deste desejo ou desta vontade levem a algum cerceio, a alguma restrição da liberdade de qualquer outrem. O Amor, uma vez em construção e reconstrução, em sua estrutura maior de dignidade humana, transcende aos desejos, ele sublima estes desejos de forma natural que a limitação que pudesse causar desaparece, sobrando apenas a vontade e o desejo de realizar o próprio Amor como êxtase de nossa existência.


O Amor finalmente não pode ser egoísta, posto que nada espero dele, a não ser a sua própria realização, nada coleciono com ele a não ser a, temporária que seja, experiência mútua ou coletiva de felicidade. Pelo Amor construímos mais Amor, com o Amor realizamos mais Amor, e no Amor nos fazemos unos com toda humanidade, desta forma o Amor não pode ser possessivo, limitador ou egoísta.

É claro que falar de amor é muito mais fácil do que o realizar, do que construir ou participar da construção deste mesmo amor. Cabe comentar que o amor na verdade não é uma coisa única, é apenas uma palavra única para muitos e diferenciados sentimentos e emoções. Querer comparar em sua totalidade o amor por filhos (biológicos ou adotivos) com um amor pela pessoa amada, facilmente se percebe que não se sobrepõem, apesar de um escopo comum, que como comentado inicialmente envolve, talvez entre outros mais, o respeito, o bem querer, e a sua direção, sempre de dentro para fora, sempre de compromisso e doação, estes amores possuem qualidades e características que são também próprias de cada um. Comparar amor por um filho, com o amor pela pessoa amada, com o amor por um amigo, mostra ainda mais áreas não comuns, mas mantendo sempre um corpo de objetos mentais comuns, agora se prosseguirmos nesta comparação e juntarmos ao amor pelos filhos, ao amor pela pessoa amada, ao amor pelos amigos, o amor aos doentes, o amor aos excluídos, o amor aos explorados, o amor aos estranhos, o amor aos animais, o amor a natureza, mais facilmente se percebe que não existe um único amor, existe uma única palavra para diferentes e abrangentes escopos de sentimentos e emoções, de compromissos e pensamentos, mas em todos eles, volto a repetir que existe, pelo menos, um núcleo ativo de sentimentos comuns que envolvem, entre possivelmente outros, o bem-querer, o respeito, e o sentido, sempre de dentro para fora

Se Amo verdadeiramente, sou uno com a causa do meu Amor, e sendo assim me diluo nesta causa e nada mais sou enquanto Amo, sendo sempre o que eu sou enquanto existo. Que dualidade complexa, ser o que sou e nada ser enquanto me transfiguro no Amor que doo.


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Sou um ateu racional e um livre pensador, ou melhor, eu sou um ateu que tenta ser (que se compromete a ser) racional e livre pensador.

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