É incrível como nos enganamos

Eu sei que não posso tirar todos os demais por mim, e nem posso me induzir que sou exatamente como a maioria dos outros, ou mesmo que me veja vaidosamente como os melhores, ou em contrapartida, como os piores. Cada um de nós é em essência um ser existencial único, complexo e mentalmente em transformação. Da forma como leio o mundo e a evolução, tenho forte tendência a entender que somos basicamente, na média, parecidos, o que sinto é passível de todos sentirem, e o que os melhores ou os piores sentem ou como reagem, tenho também possibilidades de assim sentir ou reagir. É incrível como somos capazes de nos enganar, intencional ou não intencionalmente, como alguns de nós, talvez muitos mais do que cada um individualmente pense, somos capazes de criar uma imagem distorcida de nós mesmos, fazendo-nos crer que somos senhores absolutos de nós mesmos, como se fossemos capazes de nos conhecer por completo e dominar inteiramente o que sentimos, pensamos ou em nosso intimo somos e desejamos, como se tivéssemos total domínio sobre o que queremos e o que fazemos, sobre o alcance final de como nos comportamos e reagimos, como se fizéssemos uma leitura verdadeira, sem falhas, da realidade existencial, e do viver de cada um outro, entretanto o que as evidências, a posteriori tendem massivamente a me mostrar, é que a maioria das vezes agimos como se nos desconhecêssemos, acabamos por agir e nos comportar de forma desconectada com a imagem que fazemos de nós mesmos. Em verdade, cada um de nós é múltiplo, pensamos como se uma variedade de seres nos compusessem, e acabamos por nos perder entre a imagem que de nós e dos outros fazemos, e a realidade do que somos e do que os outros são, o triste é que muitas vezes isto não afeta diretamente somente a cada um de nós, mas reflete, respinga, interage com o viver de cada um dos outros. 

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Sou um ateu racional e um livre pensador, ou melhor, eu sou um ateu que tenta ser (que se compromete a ser) racional e livre pensador.