A realidade que percebo

A realidade que percebo mentalmente pode ser ilusória posto que é imaterial e “intelectualmente” construída, decorrente de uma criação processual de nosso cérebro, entretanto seria uma ilusão imaginar que a irrealidade mental que percebemos não reflete, de alguma forma, a realidade do mundo exterior (pelo menos para mentes minimamente saudáveis), mesmo que em verdade a realidade possa não ser exatamente o irreal que percebemos, ou que possamos, eu, você, ou qualquer outro, ter leituras subjetivas ou construções de “imagens mentais”, diferentes. Estudos tem demonstrado que imagens físicas iguais, quando observadas por pessoas diferentes, e mesmo, em alguns casos, em momentos diferentes por pessoas iguais, “percorre” um caminho neural diferente, o que é compatível com que nossos cérebros não são clones exatos um dos outros, tem conexões diferenciadas, e é o nosso cérebro uma ferramenta maravilhosa de busca de padrões e de aprendizado, assim podendo ser que eu “aprenda” ou perceba um determinado objeto, com uma imagem mental diferente da sua, mas como aprendemos a dar os mesmos nomes podemos naturalmente participar da realidade subjetiva, mesmo que tenhamos imagens mentais diferentes. Um exemplo simples teórico, pode ser que a sensação mental-subjetiva que eu tenha do vermelho, para um exato mesmo comprimento de onda, seja uma sensação mental diferente da sua, ou de outros mais, entretanto como aprendemos a nomear aquela sensação como vermelho, todos, por mais diferenciadas que possam ser nossas percepções e sensações mentais, podemos “dialogar” como se nossas sensações mentais fossem as mesmas, talvez até sejam, pelo menos no atacado, podendo ter pequenas variações no varejo, mas não podemos, pelo menos por enquanto, afirmar que todos temos as mesmas sensações mentais para cada objeto-imagem-cor-som ...

Não vejo, não sinto, não escuto e não percebo aromas, como algo real, apenas os percebo como uma composição construída complexamente em nosso cérebro, decorrente de seu processamento mental, e que emerge de alguma forma para algo consciente que me faz sentir que vejo, sinto, percebo, escuto e etc. Por isso ver uma cadeira ou pensar na mesma cadeira “iluminam” exatamente as mesmas áreas cerebrais. Como não sentimos diretamente o mundo exterior, e sim através de sensores externos e de um vasto processamento cerebral, processamento este que, sim, cria a sensação de percepção, nada impediria que pudéssemos ser uma colonização de cérebros, por alienígenas avançados, nos quais os impulsos elétricos dos sensores naturais possam ter sido substituídos por impulsos elétricos controlados por alguma máquina computacional, e acreditaríamos piamente que estamos vivendo a realidade que ilusoriamente estaríamos vivendo. Mas sendo pragmático, apesar de poder ser uma realidade o devaneio acima, ele ainda me parece irreal, apesar de sua realidade ser uma possibilidade.


Agora, continuando o texto, com a crença de que não sou um cérebro cultivado em laboratório, e sim um ser humano real, não posso garantir que, como exemplo, minha percepção do vermelho seja exatamente igual a sua percepção do vermelho, mas seria irreal não crer que o vermelho exista, ele é real e se refere a um comprimento de onda eletromagnética específica, da ordem de “625–740 nm”.

A minha percepção do vermelho pode ser diferente da sua, mas ambos concordaremos que o que eu chamo perceber como vermelho, é exatamente a mesma criação mental que você realiza e que chamas de vermelho, mesmo que o sentido ou o sentimento dele possam ser diferentes para nos dois, porque nós dois aprendemos a denominar de vermelho aquela sensação, mesmo que elas não sejam iguais.

Como o circuito cerebral é em geral, em animais saudáveis, bastante parecido na sua parte básica nos seres de mesma espécie, entendo que a nossa criação mental, mesmo que ilusória do real que nos cerca, e que percebemos, tendam a ser bastante idênticas entre eu, você e qualquer outro saudável ser humano, mas cabe reforçar que isto é uma crença minha, e não uma verdade.


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Sou um ateu racional e um livre pensador, ou melhor, eu sou um ateu que tenta ser (que se compromete a ser) racional e livre pensador.

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