Sou único, mas nada de especial, sou o que qualquer um poderia ser

É verdade que sou o que qualquer um poderia ser. Para o bem e para o mal, sou o que todos tem capacidade de ser, nada de especial, único apenas porque sou eu, um conjunto pleno de diferentes intensidades, de sentimentos, emoções, pensamentos, sensações, experiências de vida, vontades, sonhos, amores, conceitos, conhecimentos, ancoragens, induções, comportamentos, atitudes ou falta delas as vezes, e muito mais (sem jamais se esquecer do circuito cerebral e de toda composição biológica e química que permite a sustentação do meu viver), tudo isto comum e possível a qualquer um, mas nesta exata combinação, nesta exata relação momentânea, é exatamente que faz ser eu, único. Nada de extraordinário, apenas algo exclusivo, mesmo sendo em cada condição e característica, em cada estado e condição, algo que por si só todos poderiam ser ou estar. O que me faz ser eu, é exatamente a combinação da configuração neural geral moldada pela genética, englobando aí toda as alterações sofridas direta e indiretamente neste circuito por ações ocorridas a cada instante do dia a dia vivido, incluindo toda e qualquer relação de vida, desde a formação uterina, com o mundo externo, passando por alimentação, medicação, experiências de vida em toda e total abrangência social, psíquica, humana, mental, de conhecimento, cultural, física (tanto de contato, de sensações, de percepções, de saúde, até mesmo com micro-organismos que me compõe enquanto um ser vivo e biológico), e seu contínuo relacionamento com a existência do viver. Desta forma, de especial, apenas e tão somente a combinação, a interação, e o relacionamento proporcional, ativo e passivo, de todas as partes que me compõe, e sua experiência de vida ao longo de todo o tempo histórico desde minha formação uterina, mas que no geral, apesar de me levar a uma condição única, pela complexidade de toda esta mistura que me leva a ser eu, é algo que independente, qualquer outro poderia ter a capacidade de também ser ou estar. Posto desta forma, a probabilidade é infinitesimal, tende realmente a zero, mas existe uma probabilidade minúscula de que em algum momento, pudessem existir dois, ou mesmo mais, seres humanos mentalmente, socialmente, humanamente e naturalmente iguais, o que seria no mínimo interessante, mas como cada um experimenta a relação existencial de forma diferente, logo depois já começariam as alterações neuronais que levariam cada um para um caminho mental e pessoal diferente. Isso sempre me faz imaginar uma experiência teórica, clonar (aqui com o sentido verdadeiro de copiar exatamente igual, cada célula, de uma pessoa) igualmente um indivíduo adulto, medianamente saudável e culto, fazendo dele algo tipo  5 cópias exatas (se possível até no nível quântico), e deixar sem que um saiba do outro, os 6 (o original e suas 5 cópias), em 6 diferentes áreas geográficas do mundo, e voltar a reuni-los uns 20 anos depois, e ter a real experiência do quanto a experimentação pessoal do viver molda e é moldada pelo relacionamento do que eu sou a cada instante e o que estou experimentando neste mesmo instante. Mas por enquanto isto é impossível, além do que deveria gastar sério esforço mental discutindo a ética de tal experimento.    

O que neste momento gostaria de reafirmar é tão somente que somos únicos pelo ser completo que somos, mas em cada detalhe, não somos nada de especial pois que qualquer outro poderia também ser, é o total, a globalidade e a complexidade da grande mistura do que somos que nos faz ser quem somos, únicos, mas nada de especial. 

Sou único, nada especial, apenas uma edição ultralimitada, mortal, limitado, falho, imperfeito, falível, eterno aprendiz e fatal.



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Sou um ateu racional e um livre pensador, ou melhor, eu sou um ateu que tenta ser (que se compromete a ser) racional e livre pensador.

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