Animal capaz de interpretações

O ser humano é um animal, real, natural, plenamente subjetivo e capaz de interpretações. Aqui uso este termo “interpretações” com pelo menos dois sentidos: Capaz de atuar interpretando papeis, muitas vezes falsos ou intencionais, e também com o sentido de pelo menos ele, os humanos, serem seres que interpretam a realidade, com capacidade e necessidade de interpretarem constantemente o que seus sentidos são capazes de capturar, tanto do mundo externo, como do próprio ambiente de seu corpo material. Quanto aos demais animais, apesar de ter alguma crença, por diversas evidências pessoais, de que também eles, pelo menos uma gama deles, possuem esta capacidade, no ser humano, poderia quase afirmar, que o grau, que o valor, que a potência e a capacidade de interpretação excedem em muito a dos demais primos biológicos, mesmo daqueles que com quase certeza creio eu serem companheiros nesta capacidade de interpretação. Isso não é bom e nem é mau, isto é natural. Com um olhar mais radical e menos crítico da capacidade e necessidade de interpretação, já que nunca seremos plenamente objetivos, mesmo que assim o gostássemos, ou que assim nos vejamos, sempre seremos seres subjetivos, dada a condição como opera o cérebro, que nunca possui acesso direto a nada, e sim apenas pelo recebimento de impulsos “elétricos” diversos, que serão assim sempre decodificados, analisados, mapeados e levarão desta forma a uma construção subjetiva do que se percebe, isto pode acabar sendo algo que por si só é no mínimo complicado (eu me sentiria tentado a dizer ruim) porque tudo que se percebe acaba sendo interpretado subjetivamente e assim sujeitos a filtros, desvios, falhas, vícios, ou por doutrinações, por ancoragem, por falha de foco, ou mesmo por interesses ou erros de processamento mental ou diretamente de falhas no circuito neural ou dos sensores em si.

Todos, ou pelo menos a maioria absoluta de nós busca ser, ou gostaria de ser, ou se sente objetivo no como age, opera, pensa, ou mapeia o que percebe, isto para mim demonstra uma crença no valor da objetividade como sendo algo útil, mas nos esquecemos que por detrás da cortina aparente do consciente, ocorre o verdadeiro e enorme processamento mental, em pleno mundo subjetivo do inconsciente, e este mundo, independente dos inúmeros agentes envolvidos, pode, e eu diria que de alguma forma sempre está envolvido, corrompido, ou pelo menos induzido por conceitos, crenças, doutrinações, interesses, ancoragens, e/ou induções das mais diversas. E este é o lado negativo da nossa capacidade e necessidade de interpretações, que muitas vezes nos levam a verdadeira aventura de criarmos estórias apenas para dar valor de verdade objetiva ao que desconhecemos, e passamos a depositar nestas mesmas estórias por nós criadas uma força de verdade tal, que passamos a nos guiar também por elas, e elas passam assim a ser mais um dos múltiplos e complexos filtros que atuam em nosso subjetivo no processo de pensar, sentir, e construir a nossa percepção de realidade, a nossa impressão de verdade, e a nossa sensação de livre arbítrio e consciência. Desta forma devemos ter o máximo de cuidado e atenção na certeza de que nossa consciência é mínima frente a todo o processamento mental, e que tanto a verdade quanto a realidade, que são duas coisas diferentes, são elas reais e objetivas, mesmo que nós não o sejamos em sua captação, percepção e interpretação, assim sendo, devemos dar certo valor as interpretações, sim, mas devemos ter a coragem e a ousadia de sempre questionarmos a existência e os valores das evidências... desta forma entendo ser o método científico, quando possível, quando eticamente aplicável, o melhor método disparado para percepção do mundo natural, de sua realidade e da busca de suas verdades, mesmo que incompletas ou aproximadas, devemos ter em mente que a menos de fatos menores, a ciência tende a ser sempre uma aproximação do real... mas sempre uma boa aproximação e uma aproximação o mais verdadeira possível naquele grau científico e tecnológico, e uma aproximação sempre e cada vez maior...




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Sou um ateu racional e um livre pensador, ou melhor, eu sou um ateu que tenta ser (que se compromete a ser) racional e livre pensador.

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