Grita aos olhos

Grita aos olhos dos excluídos e abandonados o silêncio abissal e a omissão cínica e mortal de uma boa parte da sociedade que se esconde por detrás das aparências e que se imagina falaciosamente justa e digna, pois que não se acha culpada pelo que aqui está, nem mesmo pelo que é, apesar de toda conivência e dos interesses pessoais de se locupletar direta ou indiretamente pelo que falta aqueles. Para estes o interesse pessoal e corporativo, de seu grupo, acaba falando mais alto. 

Todos os bens são finitos, toda produção é finita, toda riqueza é finita, e tudo que abunda e sobra a uns, com certeza faltará a outros, isto é força de verdade, mas o mais triste é que a dignidade humana não sendo um bem material, não deveria sobrar a uns e nem faltar a outros. Por mais que nos esquivemos, que nos justifiquemos, que nos isentemos de culpa, em verdade, entendo que somos todos, assim, direta ou indiretamente culpados, pela existência sofrida como cidadãos de segunda classe a que muitos são jogados, em decorrência de nossa consciente ou inconsciente alienação da real situação de miséria, sofrimento e exclusão social que aqueles realizam diariamente.


Não me isento de minha culpa, mas busco algum esforço para ser, minimamente que seja, um agente de mudança, a começar por mim mesmo, e assim me exponho de peito aberto nesta tentativa. Possível ou utopia, não sei, na verdade pouco me importa, como já a algum tempo abri mão de toda e qualquer esperança, vou tentando, vou agindo, se chegar lá, saberei que foi com a luta de muitos, se não chegar, pelo menos sei que tentei. O único cuidado é o de tentar não abrir mão da dignidade humana nesta busca, nesta luta, mas mesmo assim, somente saberei como agirei amanhã ou depois, quando chegar o amanhã e o depois.


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