Cidadãos e o poder que deveria emanar do povo, para o povo e ser sempre exercido em nome do real interesse do povo.

Cidadãos, e o poder que deveria emanar do povo, para o povo e ser sempre exercido em nome do real interesse do povo.

Para os holandeses existe um ditado, quase uma lenda, a de que “um dedo pode salvar um dique”. Uma enorme área da Holanda encontra-se abaixo do nível do mar. Simplesmente por isto, para os holandeses, os diques, os cuidados e a manutenção de cada destes diques é tão importante que se tornaram algo de muito sagrado para eles. Os Holandeses aprenderam, a muito tempo, que ao invés de ficar orando para que alguma entidade protegesse suas terras, construir e manter os diques são essenciais ao seu viver.

Os diques holandeses são tão sagrados para seu povo, que nenhum político possui poder algum de decisão sobre eles. São os engenheiros e as comissões locais de cidadãos, que já existiam antes mesmo de que a Holanda existisse como um país, quem são os responsáveis pelos cuidados, pela manutenção e pelo reforço, destes diques.


Eles aprenderam a muito tempo atrás que políticos possuem interesses políticos, que mudam de opinião, que alteram suas prioridades conforme interesses políticos locais ou internacionais, e mais, e principalmente conforme interesses econômicos e financeiros. Assim para cuidar do que lhes é sagrado, eles disseram não aos políticos, pois que algo essencial requer cuidados e atenção essenciais, de quem realmente dos diques precisa.

É claro, que esta informação torna público a descrença nos políticos, e reforça a visão de que eles agem segundo interesses diversos, que muitas vezes não se alinham aos interesses e as necessidades sociais do povo que os elege. Entretanto, outra coisa me chamou muito a atenção, o uso democrático de comissões locais de cidadãos, acima do poder formal político, ou melhor, dando poder formal político a estas comissões, para gestão, no cuidado, na responsabilidade sobre o perfeito funcionamento daqueles diques, e isto mesmo antes da Holanda existir formalmente como um país.

Eles perceberam, a muito tempo, que são os cidadãos os que melhor sabem o valor do que lhes é importante. Por aqui, nestas terras tupiniquins, onde, arrogantemente, poucos se acham capazes de fazerem as melhores escolhas, quando se fala em algo neste sentido, de dar poder a comissões de cidadãos, é o mesmo que ofender os conservadores, os defensores da democracia do capital, da democracia política do poder econômico que se garante e se perpetua no poder investindo, digo financiando, campanhas milionárias de partidos e de políticos que lhes interessam, pois que sabem que com eles os seus interesses de poder, interesses do capital, interesses de ordem político econômica serão perpetuados e ajustados, sempre e cada vez mais ao propósito pessoal e corporativo dos donos do capital e da produção, daquele grupo que se perpetua no poder, horas de forma direta, e outras horas de forma indireta. 

Conservadores, capitalistas neoliberais e ignorantes sociais, se esforçam, se empenham em distorcer e desgastar a ideia das comissões de cidadãos como algo negativo, e por incrível que pareça, justificando entre outras falácias, uma de que não seria democrático. O que seria mais democrático do que ter sempre e cada vez mais cidadãos participando direta e ativamente das decisões? No extremo, o excesso de democracia, seria que o estado, para qualquer tomada de decisão, fizesse algo como que uma consulta popular, algo como que plebiscitos não somente de aprovação ou veto como seria um plebiscito tradicional, mas de direcionamento também, assim a população, seria parceira e corresponsável por cada decisão. Eu sei, não precisa ficar nervoso, que este comportamento, para tudo, burocratizaria e tornaria muito mais lenta toda tomada de decisão, o que não se alinharia a um mundo tão dinâmico como o nosso, mas para muitas decisões, onde o imediatismo não é necessário, poderíamos lançar muito mais mão de consultas populares, e para outras o uso de comissões de cidadãos atuando, em especial nas áreas de educação, saúde, segurança e orçamento, atuando em parceria nos processos de discussão, análise, e decisão.

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