Acidificação das águas
O CO2 combina-se com alguma facilidade com a água incrementando sua acidificação. O simples contato dos mares com uma atmosfera faz com que haja uma troca natural de gazes entre eles, e este contato, dos oceanos com uma atmosfera cada vez mais rica em CO2, tem acarretado uma contínua acidificação dos oceanos. Em épocas “normais”, a troca de gazes leva a acidificação, mas os desgastes naturais de rochas e outros processos bioquímicos acabam por se equilibrarem, um acidulando e outros ajudando no oposto, na alcalinização. O problema da emissão de CO2 é crítico, não somente pelo problema do aquecimento, mas também por desencadear a acidificação dos oceanos, acarretando um caminhar para extinção de boa parte da vida marinha, mas o problema fica muito mais dramático, pela velocidade como ele está ocorrendo, o que não possibilita, pela bioquímica natural, reverter a crescente acidificação das águas dos oceanos. Cabe lembrar que o aquecimento, por si só, já é um problema, também para os nichos ecológicos localizados nas águas dos mares e oceanos.
É importante afirmar que cerca de um terço de todo CO2 emitido na atmosfera, já foi absorvido pelos mares, lagos, rios e oceanos. O PH médio dos mares que estava em 8,2 já passou para 8,1. É importante lembrar que esta escala é logarítmica, e que este 0,1 na queda do índice, significa algo em torno 30 por cento mais ácido do que anteriormente. Apenas como lembrança, esta escala vai de 0 a 14, sendo 7 o seu valor neutro. Valores acima de 7 significam alcalinidade, e valores abaixo de 7 significam acidez. Neste assunto, em se mantendo a emissão de CO2 nos mesmos níveis de agora, e com a velocidade atual, mesmo que não se eleve nenhuma das duas, é estimado que no fim do século cheguemos a 7,8 nesta escala, e isto significará 150 por cento mais acidificado do que era a pouco tempo atrás. Este quadro é piorado com o desmatamento e a desertificação. Em estudos “simulados” reais, em áreas próximas a chaminés marítimas que emitem CO2, e onde estas águas coincidentemente possuem PH de 7,8, percebe-se claramente que quanto mais próximo destes locais, com a elevação da acidificação, cada vez menos espécies sobrevivem, e próximo aos vertedouros, onde o PH assume o valor referência de 7,8, cerca de dois terços (66,6 por cento) da variedade das espécies marinhas desaparecem, assim pode-se extrapolar (com alguma margem de erro) que pelo menos dois terços da fauna e flora marinha poderão ser eliminados. Mas não é somente isto, alguns tipos de fito plâncton, alimentação natural de muitas espécies, desaparecerão, o que elevará a taxa de extinção, agora também por falta de alimento, sem nos esquecermos da força destruidora que o próprio aquecimento das águas acarretará, inclusive com possíveis mudanças no ciclo de águas e nas correntes marinhas, o que agravará ainda mais o estado natural de extinção em andamento.
Ao queimarmos carvão, petróleo e com o desmatamento, estamos devolvendo a natureza quantidades absurdas de carbono, que a natureza foi ao longo de muitos e muitos milênios (muitos milhões) retirando e aprisionado, mas o estamos devolvendo a uma velocidade jamais vista ou mesmo imaginada.
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