Cegos de bons olhos
É triste perceber como alguns de nós acaba se comportando como cegos (de bons olhos), guiando, ou sendo guiados por cegos (de bons olhos). É muito triste ver alguns caminhando ao som do desespero da fome de tantos, bailando ao som da sinfonia dos “restos humanos” que compõem, acerca dos perdidos que ouvem a flauta mágica daqueles que sempre querem mais, e ingenuamente se deixam entorpecer, seduzir e encantar os sentidos e sentimentos por falsas promessas inalcançáveis, exatamente daqueles que prometem sabendo apenas que é ilusão. Não caminhamos para a destruição, pois que nela estamos, de olhos congelados e sensibilidade entorpecida, em plena destruição de nós mesmos, da natureza, da biodiversidade, do social e do pouco que nos resta de dignidade humana.
No resíduo de nossa mente sobra a lembrança do que poderíamos ter sido, e abunda também a ilusão social de que nossa sociedade é justa, igualitária e inclusiva. Sob a nossa pele inflama toda a nossa desumanidade que tentamos esconder sob a falsa semântica de que realmente buscamos o melhor para todos. Ouçamos o rugido de nossa hipocrisia nos fazendo crer que não temos culpa pelo que hoje aqui existe de abandono social, de exploração, de opressão e de preconceitos. Tentamos iludir o mundo de que somos rápidos na defesa do bem comum, quando na verdade, somos realmente rápidos e bons é em nos desculpar, somos bons para encontrarmos desculpas para o que em verdade somos, e por não nos comprometermos uns com os outros.
O grande futuro já se foi e o presente é triste. Tentamos matar ou esconder a dor do sofrimento alheio com a falsa esperança cantada em versos, prosas, catequeses e versículos, de um amanhã abençoado, em especial para aqueles que hoje sofrem a dor da exclusão social, da exploração e da fome. O “armageddon” local faz do inferno apenas e tão somente uma simples figura sem maior significado. Somos humanos? Somos desumanos? Somos desumanos!
Muitos, somos cegos (de bons olhos) guiando, ou sendo guiados por cegos (de bons olhos), ou melhor somos desequilibrados guiando desequilibrados, somos desumanos guiando desumanos, somos perdidos guiando perdidos. Que bom, pelo menos existe uma minoria tentando, buscando, construindo, fazendo acontecer, e tentando, e quem sabe, nós podemos ser um deles...
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