Todos de alguma forma já mentiram
Todos, de alguma forma já mentiram
Todos, de alguma forma já mentiram, evidentemente eu também já menti. Uns, por princípios humanos, tentam não mentir, e as poucas ou raras vezes que o fazem acabam por se sentirem muito mal. Outros, ao contrário, por algum desvio de conduta, irresponsabilidade ou mesmo descaso, mentem “descaradamente”. Algumas vezes mentimos por solidariedade, mentimos por interesses, mentimos por omissão ou negligência, outras vezes mentimos até mesmo em nome de um amor. Não estou aqui para valorar as mentiras, ou para repudiar os que já mentiram. Como já comentado, eu mesmo já menti, e por diferentes razões. Entendo que dentro da normalidade é errado, feio e “desumano” (apesar que já menti exatamente acreditando que a verdade dita naquele instante seria desumano) mentir, desta forma, para desespero dos que defendem nunca mentir, entendo que a mentira algumas vezes é necessária. Porque cargas d’agua, a verdade absoluta, fria e insensível, deve prevalecer, mesmo que traga muito sofrimento, dor, desespero e dificuldades, sem nada de bom em contrapartida para ninguém. Não estou apregoando que a mentira faça bem, estou dizendo que o alcance final do ato deve ser o ponto de reflexão e valorização para dar atenuantes ou agravantes para a mentira. Defendo que não se deva mentir, que a verdade deve ser a meta, deve ser o buscado, mas defendo também, ou no mínimo não culpo, aqueles que na tentativa de evitar males maiores, acabam, mesmo contra seus princípios, mentindo. Não tenho vergonha alguma de dizer que mentiria, se a verdade naquele instante, pudesse levar à morte, ao assassinato, ou pudesse criar uma situação tal que alguma “desgraça” fosse possível.
Mente aquele que diz que jamais mentiu. Mentimos até para nós mesmos. Algumas vezes mentimos tão bem que construímos “verdades” mentirosas, pela força com que repetimos e afirmamos a mentira para nós mesmos e para os outros... Abrir os olhos para a verdade é necessário, apenas defendo que em alguns instantes pode ser mais sensível mentir, mas com a certa intenção de passado aquele momento de maior sofrimento, levar a verdade, ou a parte da verdade que somos passiveis de conhecer, a aqueles que mentimos. Para mim, eu prefiro uma verdade dolorosa a uma mentira feliz, mas cada caso é um caso, cada realidade é uma realidade. Eu costumo me utilizar de um exemplo da resistência na segunda guerra, que salvaram vidas mentindo, como por exemplo, escondendo judeus e mentindo para as polícias políticas que não conheciam judeu algum. A mentira, como todo e qualquer ato, deve ser analisado e “mensurado” segundo não somente o ato em si, mas ao alcance final de cada um dos atos.
Pessoalmente faço uma distinção entre ser sincero e ser verdadeiro. Entendo que a sinceridade está ligada muito mais ao que sinto, ao que penso, ao que acredito, e a verdade (pelo menos no sentido de falar a verdade a aguem) está muito mais ligada a um fato mais físico. Pela minha pessoal divisão (com vasta área de sobreposição entre sinceridade e verdade) tenho muito maior dificuldade em ferir minha sinceridade, defender, ou expor o que sinto, o que penso e o que acredito é muito mais importante para mim, assim seria muito mais difícil para mim ser falso (no sentido de ser o oposto a ser sincero), do que acabar falando uma mentira. É claro que, como anteriormente, cada caso é um caso, cada situação é uma situação, e podem existir situações, em especial aquelas que poderiam defender a vida de meus filhos, minha mesmo, ou de quem me seja importante, e em muitos casos até mesmo a vida de estranhos, onde eu preferiria passar como falso, a manter alguma prepotente sinceridade que leve a morte de alguém.
Posso estar sendo verdadeiro ou mentiroso? Talvez nem eu realmente o saiba.
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