Rótulos
Um corpo, nenhum corpo em especial, deve se sujeitar a rótulos, deve aceitar rótulos, deve ser rotulado por quem quer que seja. Uma mente, uma pessoa, um ser, nenhuma mente, nenhuma pessoa, nenhum ser, deve aceitar rótulos, deve ser rotulado por quem quer que seja. Eu, como mero corpo, como apenas mais um ser, uma pessoa, uma mente, mesmo sendo único em toda minha complexidade, especificidade e variedade, não devo possuir rótulos, não devo me sujeitar a rótulos, não devo aceitar ou cair na tentação fácil de aceitar rótulos “bons”, não devendo ser rotulado por quem quer que seja. Pessoas que acreditam falaciosamente conhecer o eu que sou, a mente ou o ser de quem quer que seja, dos outros, ou mesmo de si mesmas estão fadadas ao ledo engano da suposição frívola de que são capazes de descortinar a inconsciência subjetiva que faz cada um ser quem é, cada um construir o ser que é, pois que nem mesmo a própria pessoa sabe em essência quem ela é. Rotular, com qualquer rótulo que seja, não justifica a complexidade que somos, seja um rótulo que possa ser do bem, ou seja um rótulo que desmereça a dignidade humana, mas o que me faz curioso é que muitos daqueles que rotulam os outros, pela prepotência de achar que sabem o que fazem, são muitas vezes aqueles mesmos que menos aceitam serem rotulados.
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