Amo a ciência e valorizo ainda mais a matemática

Algumas áreas existem, que muito me fascinam, que me provocam, que me motivam e que me fazem buscar pensar, observar, estudar e refletir, entre outras posso comentar a ciência, a matemática, o social, e a ética. A ciência é para mim algo de suma importância. A ciência é por si só bela e magistral, e mais interessante ela é, não pelo que cria, pois que a ciência nada cria, ela nada constrói além do próprio conhecimento daquilo que já existe. A ciência, não obstante a imagem equivocada de muitos, daqueles que de alguma forma ignoram o que é fazer ciência, não cria absolutamente nada de novo, ela é uma ação metodológica que trabalha no campo da descoberta, da observação, da percepção, da modelagem e da compreensão. A ciência busca, aprende, modela, descobre, desvenda e encontra, ela está sempre aderente a realidade do que já está por aqui, a ciência constrói conhecimentos, ela busca verdades, ela busca não somente a superficialidade dos fenômenos, mais busca a realidade por detrás dos fenômenos, ela busca desvendar e esclarecer os mecanismos envolvidos que dão sustentação real ao que já é, ela se compromete com modelar o todo, busca representar mais que os fatos em si, busca identificar e confirmar as engrenagens aparentemente escondidas no subsolo dos fenômenos.

Pessoalmente amo demais a ciência, simplesmente porque amo o conhecimento e a verdade, no geral prefiro uma verdade dolorosa, feia ou que não se adeque a alguma crença que pudesse ter, a uma mentira feliz. Com a verdade e o conhecimento saio sempre mais forte e mais preparado para o aqui e o agora. Infelizmente muitos ignoram o que é realmente fazer ciência, a verdadeira ciência, e a confundem com pseudociência, achismos, mera estatística, misticismo, ou com alguma forma de ajudar a provar o que de antemão cremos e que gostaríamos de que verdade fosse. Um cientista, enquanto no papel de cientista, não é um inventor, não que não possa ser criativo o suficiente para além de buscar ciência também poder criar algo, mas enquanto cientista ele faz ciência, busca verdades e constrói conhecimentos, e enquanto inventor ele faz tecnologia, ele constrói algo de material ou de social.


Falei daquilo que entendo como uma força do intelecto humano, a busca pelo saber, pelo conhecimento, pelas verdades naturais, o uso da razão, da análise crítica e do livre pensar em prol do entender e do descobrir o imanente que somos e a imanência do tudo que nos cerca, mas tenho que, a bem da verdade maior, dizer que amando a ciência como algo fantasticamente belo, amo também o social e os princípios éticos, mas algo existe que valorizo como a mais bela, a mais incrível, e a mais poderosa criação do intelecto humano, (não me levem a mal físicos, biólogos, neurocientistas, astrônomos, cosmólogos, artistas, filósofos, sociólogos, e em geral, todos os cientistas), sou obrigado a assumir que entendo como a maior e mais brilhante investida do intelecto humano, a matemática, a matemática pura. A matemática é neutra por definição. Diferente de muitos, entendo claramente a matemática como algo de brilhante e não científico. Como disse anteriormente a ciência nada inventa ou cria, já a matemática nada descobre, por mais que uma ilusão idealista me induza a perceber que a matemática, frente ao seu brilhantismo, já exista algures, e os matemáticos a descubram, ela nasce de muito trabalho, estudo, doação, transpiração e alguma intuição. Para mim, a matemática é mais brilhante do que a própria ciência que muito amo, pois sendo neutra, é ferramental precípuo da ciência, sendo que uma mesma peça matemática pode ser aplicada a várias disciplinas científicas. A mesma, a exata mesma álgebra linear, a mesma solução diferencial pode ser aplicada a biologia, a física, a mecânica, a sociologia e a economia entre inúmeras outras. A matemática é um ato de criação intelectual. Entendo claramente que não cabe perguntar a um matemático se aquela peça matemática, aquele elemento matemático seja verdadeiro, a matemática não busca a verdade, pelo menos não a verdade científica, e sim a verdade matemática, busca por formalismo, uma abstração que se aplica a muitos ramos, e que é verdadeira no seu escopo matemático. A um matemático cabe a pergunta se aquela peça matemática é sim correta, se existem modelos que corroborem aquela peça matemática, e se ela pode ou não apoiar no estudo cientifico, social que estamos trabalhando. A matemática não busca o real, ela se torna ferramenta do real quando aderente a eventos reais. Eu costumo brincar que a matemática pura é a essência é a alma vivificante que quando aplicada a algo real vira ou ajuda a criar ciência. É a aplicação da matemática a modelos reais que faz daquela matemática algo que passa a incorporar “carne” e corpo real a abstração crua, linda, magnânima e fenomenal da matemática. Por isto a matemática, para mim, não é ciência, mas está ela, para mim, mesmo acima da própria ciência. Respeito os cientistas, mas praticamente me curvo e venero os bons e verdadeiros matemáticos.

Cabe apenas ressaltar que acima do intelecto humano ainda persiste a nossa humanidade, ou o pouco que resta de nosso diferencial humano, e assim ainda entendo o amor, de mãos dadas com a razão, como os constructos mais importantes, e no meu caso em especial, entendo também, serem os meus filhos a razão maior para minha atual existência, mesmo que passageira.

Comentários

  1. Interessante a sua visão da matemática. Eu sou um apaixonado por ela, jamais conseguiria viver sem pensar em qualquer coisa deixando a matemática à parte... eu a tenho como uma amiga! Muitas pessoas, ao passarem por situações difíceis na vida, procuram onde descarregar a tensão, aliviar o stress e muitos acabam trilhando caminhos que não são bons. Bem, me parece que você e ateu... eu sou cristão e digo que Deus colocou a matemática na minha vida para me dar um alívio mental, para ser a minha válvula de escape nos momentos difíceis. Creio que Ele me deu esse privilégio de amar a matemática, essa tão extraordinária área do conhecimento. Um abraço!

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    1. Caro Adriano Martins Péres, fico muito, muito honrado mesmo pelo seu comentário... Obrigado... Entre minhas vontades, uma não me abandona, que é a de fazer um curso superior de matemática e logo depois um de física... Amigo, me permita chamá-lo assim, o que mais importa são nossas ações, e tenho razoável certeza que presamos juntos pela dignidade humana...

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