A maldade
A maldade passeia por entre nossas certezas, na certeza de que a não notaremos em nós. Temos a certeza que não somos maus, simplesmente porque preferimos nisto acreditar.
A maldade se infiltra por nossas defesas pelas frestas de nossa vaidade, pelas fissuras de nossa insensibilidade, pelas fendas de nossa hipocrisia, e pelas rachaduras de nosso ser.
A maldade é um fato, de alguma forma ela está em todos nós, o que não significa que somos, ou que temos de ser, escravos dela. A maldade é como a poluição do ar que nos cerca, temos de conviver com a nossa, na certeza de que não existe perdão algum que nos livre do alcance de nossos possíveis atos de maldade, temos de conviver com ela, e nos manter humanamente saudáveis apesar dela, sem acreditar que somos imunes a ela, ou que a sublimamos por inteiro, ela estará sempre povoando nosso inconsciente (pior ainda quando já povoa nosso consciente), por isso atenção e cuidado, amor e razão, sensibilidade e respeito, compromisso e compaixão, são nossos aliados contra nossa própria maldade. Impossível renascer, somos fatais e passageiros de uma viagem única, se não nos é possível morrer e renascer, sobra-nos a única chance de viver com ela, viver na certeza de que ela está em nós, mas que não somos escravos dela, pelo contrário podemos levar uma vida com ela mais ou menos controlada, mas nunca eliminada. Uma das piores fraquezas humanas é crer que somos imunes a maldade, ao ódio, ao rancor, a prepotência, ou a vaidade. Somos humanos, um complexo mix de seres, de sentimentos, de mentes, de imposturas mentais, mas somos também donos de alguma vontade, de alguma consciência (mesmo que sendo ela o final da linha, e não o início do que somos), e de alguma humanidade. Impossível viver sem maldade alguma, mas possível viver uma vida digna e saudavelmente humana.
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