A evolução no curto prazo conserva, no longínquo prazo cria

Nada há de diferente no que já foi igual ao que amanhã será. Somos animais em essência, somos mentalmente mais complicados e cerebralmente mais complexos, mas a natureza é conservadora, e em geral não faz “projeto” (projeto aqui meramente com sentido figurado, pois que em verdade a natureza nunca faz projeto algum) de nada do zero, aproveitando sempre o que já existe. Faz adaptações, dá novas utilidades ou funcionalidades, mas tende a aproveitar o que já deu certo do ponto de vista evolutivo (seja isto bom ou não, do ponto de vista equivocado de algum projeto final). A evolução é mestra em se “apoderar” da adaptação, da seleção natural, da seleção sexual e da simbiose, e quem sabe agora da seleção social (ainda não tenho uma posição clara quanto a isto, mas não elimino sua possibilidade).

O mesmo vale para nosso cérebro, onde para desespero de alguns, a natureza não fez nenhum “projeto” novo para o nosso cérebro, apenas, basicamente, de alguma forma, manteve e aproveitou os circuitos originais, desenvolveu novos circuitos sobre os antigos, e “instalou” novas conexões cruzadas de longa distância, assim temos circuitos tipicamente mamíferos, e muito do nosso cérebro possui reflexo em nosso primo mais próximo, os chipanzés. Inclusive uma das definições que especificam mamíferos faz referência as camadas de uma parte do cérebro, pois os mamíferos possuem 7 camadas nesta parte. É verdade que a natureza, por erros de cópia, propiciou circuitos novos, mas estes subsistem sobre circuitos antigos, e assim somos uma colcha de retalhos cérebro-mental.

O corpo humano em geral, do ponto de vista de projeto de engenharia é muito falho, cheio de “bugs”, e de erros de projeto, mas é assim mesmo que a evolução atua, ela não tem um projeto (aliás, não possui projeto algum), não possuindo sequer linha do tempo em busca da melhor alternativa. A natureza é cega, e a evolução apenas aproveita ou descarta adaptações que melhorem ou piorem a capacidade de deixar descendência, selecionando os que naturalmente deixam mais descendentes, e não atua na busca de melhorias de projeto, ou de busca de perfeição alguma. Estamos assim longe de um projeto que chegue sequer perto de algo bom, inclusive, para tristeza de muitos, estamos distantes de um projeto maravilhoso, até mesmo porque a natureza, a menos da pura sorte, jamais trabalhará a busca de melhorias de projeto, ela trabalha a melhoria de adaptações, e da capacidade de legar descendência.

A natureza não busca a perfeição (nunca buscou), muito menos o ótimo, no geral ela é econômica e conservadora, até mesmo porque a chance ou probabilidade de que ao cometer um erro de cópia radical, assim mesmo produza, do zero, algo novo e útil para a adaptação, beira a total improbabilidade, ao contrário dos mínimos erros, com quase imperceptíveis adaptações, que ao longo de muitas e muitas gerações de descendência, pode a cada geração selecionar e dar maiores probabilidades de deixar descendência aos melhores adaptados, mas mesmo assim, para que a evolução permita “novos” “projetos” mais radicais, que pudessem chegar a criação de nova espécie, necessita de isolamento grupal, um grupo de animais que se separe geograficamente do grupo original, pode seguir ao longo dos tempos uma linha de erro/seleção diferente do outro grupo, e assim permitir após muito tempo termos uma nova espécie.

A evolução no curto prazo conserva, no longínquo prazo cria, mas na maioria absoluta das vezes aproveitando, adaptando, ou dando nova utilidade ou função a algo que já existe.


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