A principal função do cérebro
Entendo eu que a principal função de nosso cérebro, por mais glamorosas ou vaidosas que sejam estas funcionalidades, não são o pensar, o racionalizar, nem mesmo o amar, o odiar, o planejar, ou o lembrar, não sendo elas as mais essenciais, as mais necessárias ou as mais objetivas funcionalidades à nossa sobrevivência. Entendo assim, que a principal função do cérebro é coordenar e regular nosso corpo, e assim maximizar o bom funcionamento de todo ele, buscando participar de forma ativa em dar sustentação à nossa vida. É garanti-la, realizando o silencioso, árduo, contínuo, complexo e magistral trabalho de homeostase que entendo ser, de longe, a principal “função” de nosso cérebro (a homeostase é a capacidade que os corpos vivos, através de processos fisiológicos, têm de promover a estabilidade do ambiente interno ao corpo, intra e extracelulares, tendo como responsabilidade final sustentar a vida. É o somatório de processos através dos quais um organismo busca manter as condições internas o mais constante e equilibrado possível, necessárias para a vida).
Pensar, racionalizar, sentir ou lembrar, emocionar ou planejar, são funcionalidades emergentes secundárias (e mesmo assim falhas e cheias de bugs) à principal operacionalidade de nosso cérebro, sendo assim “tarefas” adquiridas ou desenvolvidas pelo cérebro, à posterior, de menos importância para a função primária de nosso circuito neural.
Sem a precípua função de homeostasia de nosso cérebro, seria necessário que os corpos vivos fizessem a homeostase por vias unicamente químicas, o que seria deveras menos eficaz. Sem um processamento central, os órgãos e seus sensores, baseado em leitura química, deveriam “agir” atuando conforme sua funcionalidade, e secretar sinais químicos para que fossem “lidos” e interpretados a posterior, em novos órgãos, para que estes assim também “agissem”, e se fosse o caso secretassem novos agentes sinalizadores que seriam a posterior, de novo, “lidos” e interpretados por novos órgãos ou mesmo pelo original. Esta “conversa”, unicamente por sinais químicos, é muitas vezes mais lenta e ineficiente, do que uma atuação centralizada pelo cérebro, que ao receber “informação” via sensores/neurônios processa e responde imediatamente com novas informações encaminhadas para sensores/neurônios específicos para “agirem”, ou ele mesmo passa a “ordem” para organelas distribuídas, algumas mesmo no conjunto cerebral, para que liberem produtos químicos. Sendo tanto por via neuronal, meramente química, ou quanto por um mix de ambos, esta função é essencial para a busca de sustentar a capacidade de viver. Pelo processo puramente químico, isto significa que órgãos que geram produtos ou que regulam em geral o corpo, necessitam que os elementos químicos secretados chegam até estes órgãos sensores para controle, o que necessita de um delta, as vezes longo, de tempo. Com o advento do circuito neural, sensores colocados em órgãos avisavam diretamente parte deste cérebro, que imediatamente enviavam sinais elétricos até outros órgãos para o “trabalho” de homeostase, não implicando nisto nenhum princípio de consciência, que nos primeiros momentos evolutivos de nosso cérebro sequer existia circuito neural para tal. Assim o corpo vivo passou a ter reações de controle muito mais rápidas, e melhores garantias de dar suporte ao equilíbrio vital necessário. O cérebro é assim um grande órgão regulador. Somente a posterior, por erro de cópia e novas adaptações, o cérebro ganha “novos circuitos” e novas “camadas” neuronais, cresce, e passa a ser a máquina que hoje conhecemos, inclusive com o sentido de consciência atuando.
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