O conhecimento cientifico e uma revolução que já está a caminho
O conhecimento científico, o aprendizado do natural, cresce cada vez mais em velocidade acelerada, de um momento em que os físicos chegaram a acreditar que não cabia mais sequer ter faculdades de física, pois que “já se sabia tudo o que se pudesse saber” até hoje, onde aquela realidade se transformou absurdamente, não passaram assim tantos anos. Duas grandes revoluções e uma infinidade de múltiplas pequenas revoluções fez do mundo do conhecimento natural, em especial da física, uma verdadeira redescoberta de que a natureza ainda nos esconde praticamente infinitas novidades. Estas revoluções têm se espalhado por toda a ciência natural, química, biologia, neurociência e mesmo no mundo social. O mundo, o universo, tem aberto novas fronteiras atrás de novas fronteiras. Na física, revoluções do porte da relatividade, da quântica, podem estar com seu prazo em processo final para serem ultrapassadas por algo novo e revolucionário. Vivemos em uma época dinâmica, cheia de novidades, e pode estar se abrindo alguma nova grande revolução. Pode não ser para a minha época, mas creio que durante a época de meus filhos ou no máximo na de meus netos, se não destruirmos nosso amado planetinha, ou se não levarmos nossas sociedades a estágios de desumanidade que destruam nossa caminhada para o novo, algo de verdadeiramente revolucionário acontecerá. Pode ser que meus filhos ou netos, olhem para trás e pensem, como meu pai era ingênuo, como a realidade da natureza que ele acreditava era tão desajeitada e imprecisa. Muitas são as deixas, muitas são as situações atuais que me levam a assim pensar, não se trata somente de sentimento, o que eu sinto ou deixo de sentir é indiferente para a natureza como um todo. A quântica, não obstante toda a sua precisão, de um modelo padrão no geral muito bem-sucedido, me faz vê-la como não aceitável plenamente, não pelas aparentes condições não intuitivas de sua realidade, mas principalmente porque ela ainda sobrevive com a incompatibilidade com a gravidade, além da necessidade da presença de muitos parâmetros ajustáveis, como fatores de correção, que hão de ser fixados previamente, na base das medições experimentais. Mas muitas outras dicas, a gravidade que falta, a possibilidade da existência da “antigravidade”, da existência de matéria exótica, de múltiplas outras dimensões, da descoêrencia, de universos paralelos e por aí vai....
Vislumbra-se nos céus das ciências naturais, ainda no horizonte, mas cada vez mais próximo, nuvens e possibilidade de certas tempestades criativas e inovadoras, perceptivas e revolucionarias. Podemos já estar realizando este cenário, que de percepção em percepção, de descoberta em descoberta, já pode estar nos levando, por uma geração de novos cientistas, de livre pensadores, sem os vícios e sem o medo de passar vergonha, e repletos da ousadia dos verdadeiros descobridores do que aqui existe, já podemos estar iniciando esta revolução.
Mas para isto é necessário ousadia de pensar, é necessário pensar bem. Voltando a Sócrates, ela comentava que o poder do pensamento é a força da própria revolução, mas para isto é necessário pensar bem. Mas o que seria pensar bem? É com certeza pensar livre, ousado e de forma criativa. Pensar bem é com certeza pensar muito, é pensar, pensar e pensar. Mas somente pensar não é pensar bem. É ter a coragem de derrubar amarras do que hoje conhecemos, por isso em geral os novos cientistas tendem a revolucionar, e os mais velhos tendem a defender o que sabem. Um grande cientista um dia falou que a ciência caminha saltos, como que a soluços, principalmente porque é a morte dos antigos cientistas que acabam com as defesas do que hoje sabemos, e permite a jovens ousados e desbravadores construir novos conhecimentos, jamais baseados em invenções, mas sim em descobertas.
Pensar bem é pensar livre, é ter a coragem e a ousadia de correr todo o espectro do pensar sobre um assunto, é ir de um extremo do pensamento fantástico, quase maluco, até o outro extremo, o da criatividade total, o do pensar visionário. Mas somente pensar não garante um bem pensar, é necessário fazer perguntas, todas, as mais impensáveis, as mais improváveis. Perguntar-se tudo, não apenas o mais óbvio, pois que a estas questões (as óbvias) os mais medíocres ou comuns pensadores as sabem fazer, mas fazer, como exemplo, o que fez Heisenberg, quando teve a revolucionaria capacidade de se perguntar, e se a matéria como a pensamos não existisse, se ela fosse algo improvável, real, mas segundo uma realidade não existencial, e daí ele deu início real a física quântica, que engatinhava desde Planck, Einstein e mesmo Bohr. Foi tão revolucionário o pensar de Heisenberg que muitos físicos simplesmente se negaram a aprofundar o estudo daquela novidade. Mas de novo pensar e fazer perguntas não garante um bem pensar, crentes pensam e fazem perguntas, mas jamais se descolam de suas crenças. Pensar bem é se despir totalmente de suas crenças, é ser crítico, racional, lógico, mas não limitado a crítica, a lógica, ou a racionalidade corrente, é preciso ousar, pegar atalhos sujos as vezes, apenas para verificar onde vai dar, mas mais do que isto é aprofundar o aprendizado do que existe, é se colocar como franco atirador muitas vezes, é abrir sua cara a tapas, é discutir sua linha de raciocínio com pares e estar preparado para críticas, para menosprezo, para até mesmo para ofensas. No mundo do conhecimento científico, muitas desavenças existem, e com certeza quanto mais revolucionário você tentar ser no pensar, mais críticas você obterá, mas ao final, você aprenderá, você reforçará suas “certezas” (que não existem na verdade), mas você poderá rever e traçar novos ajustes de caminho. A física teórica, eu diria a ciência teórica veio para ficar, e é ela o nicho da criação de ponta, muito do que ela estuda hoje se provará errado ou inconsequente, mas é neste tumulto criativo da ciência teórica, em especial da física teórica, que sementes de uma revolução estão sendo plantadas e que podem germinar. Físicos hoje já aplicam a axiomatização buscando dar mais clareza e consistência ao seu pensamento criativo, mas goste eu ou não, é no escopo da ciência experimental, da física experimental, que toda teoria, por mais linda ou aparentemente sólida que possa parecer, terá seu verdadeiro cheque de sobrevivência, sua marca real de verdade ou mentira. Uma teoria, linda, mas não testável, não é ciência ainda, é mera especulação, é projeto de ciência.
Não podemos apenas querer saber como funciona o universo no nível fenomenológico, é necessário conhecer o como opera este universo, no subsolo da realidade. É necessário conhecer estas leis, as naturais, para que possamos aí sim dizer que conhecemos algo. Mais ainda, cada vez mais é necessário saber como nós, a vida, e tudo o mais, se encaixa neste complexo mosaico de conhecimento. Precisamos dar um contexto natural as nossas vidas, as nossas existências, somos fatais e finitos, precisamos encontrar valores naturais para o nosso existir, ou cairemos na tentação de dar ares supernaturais ou místicos a necessidade de nossa existência. Por favor, não falo que precisamos encontrar motivos, ou razões para existirmos, existimos para viver e isto basta, precisamos por outro lado é dar encantamento natural as nossas vidas para que aquele brilho da descoberta infantil e juvenil não se perca com o passar dos anos. Precisamos aprender que somos relacionados com outros seres, locais, e quem sabe em futuro, até mesmo não locais a nossa terra, precisamos entender que a alegria e o sofrimento são individuais mas são também coletivos, e que do ponto de vista do universo podem ter mínimo papel em sua existência, mas que para nós, para cada um de nós, há de ser marcante, conhecer a realidade existencial da natureza, de nossa natureza, mas com um propósito, o de dar a todos, eu falei todos, um melhor bem estar. Nós humanos, não estamos acima da natureza, dela dependemos primordialmente para existir, ela sim é que de nós nada depende. Nós nascemos e morremos, como plantas, golfinhos e antas, como uma rocha, somos compostos de matéria que foi forjada nas estrelas, ser humildes quanto ao que somos é necessário, mas não pode nos tirar do caminho contínuo de melhor conhecer o que somos, e o porquê somos. Assim, o pensar há de ser criativo, ousado, sem medos ou receios, sem freios ou filtros, o pensamento há de ser flexível e anticonvencional, havemos de ter a coragem de acabar com a fidelidade prévia aquilo que os outros pensam ou como pensam, desvalorizar as autoridades do saber, havemos de ter a coragem de sermos desbravadores, e ser pacientes, devemos ter confiança, eu diária mesmo fé, não um tipo de fé sobrenatural, mas fé que as respostas virão, que o conhecimento será descoberto, que caminharemos, horas mais lentamente, horas mais rapidamente, mas a revolução natural já está a caminho. Já chegamos bem longe, mas sem medo de errar, o que falta é praticamente tudo, aprendemos muito pouco do que é possível aprender, compreender, e perceber cientificamente deste universo, quem sabe de outros, totalmente diferentes, onde a nossa física sequer possa servir de referência. Mas por favor, ter a ousadia de pensar livre não pode pôr em cheque o que já sabemos, mas sim ir além, ou até mesmo dar nova roupagem, novo modelo teórico, duvidar que a gravidade existe é loucura, agora modelar como ela atua está aberto a ousadia de quem conseguir lá chegar. Será que ela atua igualmente a “curta” distância, digamos de uma ou de algumas galáxias locais, mas quando estas distancias atingem valores que nos é difícil relacionar mentalmente, será que ela pode sofrer algum desvio ou alguma transformação... Por isso, apesar da idade me levar normalmente aos mais conservadores no mundo da ciência natural, eu tento, eu me provoco, eu me forço a estar aberto a toda e qualquer revolução natural, e eu entendo que ela já está a caminho. Uma, ou várias? Não sei....
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