O amor e a sua via
Acabei, agora a pouco, de ler em um post, que não comentei apenas por respeito, que o amor nunca é uma via de mão única, que deve ser um caminho de mão dupla. É claro que não concordo, é claro que esta é uma posição minha, e ninguém precisa concordar, mas é claro que faço dela uma de minhas máximas do viver. O amor é uma via de mão única, a força do meu amor, é a força da minha doação por alguém ou por algum princípio. Eu amo com a potência de me doar neste amor, não esperando jamais nada em troca. É claro, é evidente, é óbvio que não sou hipócrita e que um amor correspondido, é muito mais gostoso, mas nunca é mais amor por isto. Amar é doar, é se comprometer, é ser sensível pelo outro, pelas necessidades de qualquer um destes outros. O amor é um caminho de mão única, que possui também um caminho de volta, mas que não precisa ser trilhado por ninguém, uma trilha que fica mais bela e iluminada quando trafegada em mão dupla, mas que a princípio pode ser trilhada em caminho único, e sempre de mim para os outros.
Assim, com a forma de pensar que o amor há de ser sempre uma via de mão dupla, é que estes mesmos não conseguem amar estranhos, amar os distantes, os diferentes, os excluídos, pois que entendem o amor como uma via de mão dupla, pois que colocam o amor como uma troca, quando amor, para mim, é doação. Eu amo e ponto. Na verdade, entendo e deveria falar, eu trabalho para construir o meu amor, ele não “existe” naturalmente, como algo que eu possa “pegar” e sair dando, entendo que exatamente como o ódio e os preconceitos que são aprendidos e construídos, o amor eu o construo continuamente, e me doo enquanto o construo, o reformo, e o mantenho.
A amizade como uma das formas mais sinceras do amor, possui para mim o mesmo tratamento, eu escolho meus amigos, eu construo a amizade, e eu não espero que ela, ou ele, também tenham me escolhido como amigo, se o fizerem que maravilhoso, é porque de alguma forma construí bem uma amizade, mas eu escolho pelas características, pelos valores, pelas virtudes que percebo, nunca por alguma perfeição, pois que perfeição não existe. O amor é para mim uma daquelas palavras ingratas, pois que, pelo menos no português, é uma palavra única para muitos sentimentos diferentes, para um range grande de emoções, de um amor pelo seus filhos a um amor pela(o) sua (seu) companheira(o), passando por diversas outras variações, mas que no geral possuem em comum um desejo sincero de bem querer e de se doar pelo outro.
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