Encontre-me... Entenda-me
Encontre-me, também pelo que falo, mas nunca só por isto. Encontre-me mais pelo que penso, pelo que sinto, pelo que sou, e principalmente pelo que faço.
Encontrar-me nunca foi apenas a chance de me ver, de estar comigo ou perto de mim, de saber onde estou ou onde me encontrar fisicamente, neste ponto, me encontrar é muito mais subjetivo, mas não menos real ou racional, me encontrar passa por me entender, por perceber todos quem sou (se todos for impossível, pelo menos alguns dos que me compõem), por alcançar o que me faz ser único, sendo vários, sendo múltiplo, sendo mutável, quase não sendo, mas estando. Encontre-me pelo entender-me, pelo alcançar o que sou, o que me faz ser, e o que me move sendo, sendo muito mais do que o que falo, pois posso mentir, posso enganar, posso não saber falar o que quero, posso confundir palavras, criar sentenças dúbias ou mesmo nonsense. Se me encontras somente pelo que falo, ou pelo que escrevo, você poderá estar encontrando minha sombra, o meu reflexo no espelho, a armadura que me esconde, ou pior pode estar encontrando a sombra no espelho da armadura que me esconde. Encontre-me pelo compromisso desinteressado de entender-me, não completamente, pois em parte, em muitas partes, eu mesmo não me entendo, ou me iludo fingindo entender-me, mas encontre-me não necessariamente para concordar comigo, comungar comigo, ou para me transformar, mas encontre-me para caminhar com um alguém dos muitos que sou, que se transforma, mas que parcialmente desconhecido busca alguém, mais do que companhia, busca alguém para dialogar abertamente, francamente, sem medir palavras, certo ou errado, encontre-me não para me fazer diferente, mas para ajudar-me a um pouco mais me encontrar e em compromisso humano e social poder desabafar o sofrimento que assola minha mente pelo terror do que vejo, para abrir meu ser às dúvidas que experimenta, para ouvir, para conversar, para debater, para racionalizar, jamais para buscar consenso, nunca para ganhar alguma discussão, mas para discutir pelo exercício de livremente falar e ouvir, aprender e ensinar, receber e dar, me comprometer, me doar, me transformar, não por sua ação, mas por entendimento, por aprendizado, por racionalização. Eu me comprometo a também tentar te encontrar, muito além da máscara corporal que nos envolve, muito além da semântica do que falas, sem ofender-me pelo que falas ou pelo que sentes, porem me reservo o direito de não querer ser encontrado por déspotas humanos, por vermes sociais, sinceramente não me sentiria bem por dividir minha existência com quem realiza seu viver em plena destruição do humano ou do social.
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