Deus pode ser amor?

Deus é amor? Mas como? O amor é algo que se sente, que se constrói, que se realiza, é uma mistura de sentimento e ação, não é algo que se seja. O amor não é algo próprio em si, próprio a alguém, é algo subjetivo, construído e sentido mentalmente, assim ninguém pode ser amor, alguns podem e conseguem ter, sentir e dar amor, mas o amor em si é sempre uma sensação pessoal, ninguém pode delegar amor. Como pode então deus ser amor? Ele poderia, se existisse, sentir amor, dar amor, jamais delegar amor, ele não poderia ser amor. O amor não é uma “coisa” que se possa ser. Mas dirão muitos, deus pode, deus é tudo, ele tudo pode. Entendo que alguém que pudesse ser tudo, ao mesmo tempo, nada seria na prática, pois que tudo beira o infinito, e sendo tudo ao mesmo tempo, a todo instante, na prática não seria nada, não conseguiria ser nada, ou quase nada do tudo que seria. Outros dirão, mas deus é o deus do impossível. Isto para mim é apenas uma corroboração da inexistência de deus, o impossível não existe, o impossível não é possível, então ele teria que ser um ser teórico, irreal, talvez ideal, entretanto apenas uma criação mental. Mas retornemos ao amor. O amor é algo que se sente e que se realiza. O amor não existe pronto, é uma construção, mas uma construção apenas mental, do que sentimos, do que buscamos, do que queremos, do que nos doamos. O amor é sempre doação, não existe amor por si só, o amor é algo que nasce dentro, mas é feito para fora, é construído de dentro para fora, sempre para os outros. Amar a si próprio, para mim não é amor, é instinto natural. É bonito falar eu me amo, devo me amar para amar os outros, mas entendo uma pequena falácia, eu me cuido, tenho o instinto de sobrevivência, e me abro mentalmente para a construção do amor, que para mim, é sempre de dentro para fora. O amor é um conjunto de sentimentos e emoções. O amor é um estado de pensar e de sentir, de realizar e se emocionar, de racionalizar e se comprometer, de se doar e se responsabilizar, pelos outros. Sim eu posso e devo, e naturalmente faço, sentir a mim mesmo, me emocionar comigo e com o que sou ou posso ser, me comprometer e me responsabilizar por mim mesmo, mas isto para mim não é amor, é instinto natural, comum as pessoas com mínima saúde mental que seja. Amar é ser sensível aos outros, é tentar ser uno com os outros. E nada disto existe por si só, por si próprio, os seus objetos somente se substanciam em um ser mental que os possam construir, manter e realizar. Um ser que sinta, pense, se emocione, que se doe, que se responsabilize, que se comprometa, e não um ser que seja ele próprio amor. Não existe a substancia do amor, existe a vontade, a doação e o compromisso pela construção do sentimento de amor. Desta forma nada pode ser amor. Eu não posso ser amor, posso amar, ou buscar amar. Deus assim também não pode ser amor, ele poderia amar, o que é diferente. Quando se diz que ele ou ela é amor personificado, não se está a dizer que ele ou ela é amor, e sim que ele ou ela construíram um sentimento profundo de amor. É preciso referenciar o ser agente, ele ou ela agem amorosamente. É preciso referenciar-se a pessoa, o objeto principal, o elo que age, o ele ou ela, pessoa esta necessária para a objetivação das “qualidades” do amor. Amar é um predicado, é uma ação, não é uma coisa que se possa ser. O ente em questão não é, não pode ser, é apenas agente, pode realizar, sentir, substanciar tudo que orbita ou se constitui ações e sentimentos de amor. O amor não é um elemento, uma substância, uma coisa, ele é uma essência a ser construída, ele é algo que se sente, é uma emergência mental a ser buscada, o amor é possível para todos, ateus ou místicos, crentes ou céticos, religiosos ou irreligiosos, hereges ou devotos, o amor não tem uma origem ou uma fonte a ser sorvida. O amor é algo natural? Sim. É algo possível a todos? Sim. Mas nunca é nenhum deles em si mesmo, é um complemento sensorial construído em vontade e doação. O amor é plural, diverso, sempre realizado em primeira pessoa, com foco nas demais pessoas, é sempre para os outros, de dentro para fora, sempre para, pelo e com os outros.




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Sou um ateu racional e um livre pensador, ou melhor, eu sou um ateu que tenta ser (que se compromete a ser) racional e livre pensador.

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