Revolta que fermenta é uma bomba relógio perigosa
Desculpa a todos que não se vejam parte desta situação, mas é algo que preciso falar, e por favor não é direta ou indireta a ninguém especificamente, mas entendo que no geral, possa ser indireta para a maioria absoluta de nós. Já faz muito tempo que em uma conversa, defendia a questão de que a maioria absoluta de nós perdeu a noção sincera do que é uma vida em sociedade, e que já havíamos dobrado a esquina de uma sociedade “não social” a muito tempo. Entendo eu que quando para manter uma sociedade, qualquer ela, torna-se mais que necessário, torna-se razão máxima, a criação de um estado policialesco, de militarização, de repressão, de opressão e do uso quase que obrigatório da força, acabamos por demonstrar, sem que cada um ou a maioria de nós perceba, que decretamos a falência humana e natural desta mesma sociedade. Ao longo de muitos anos, e sem querer cair no vazio, pois creio que isto vem desde a forma de nossa colonização, não como povo, e sim como mero local de extração, enriquecimento, e de exploração. Assim, ao longo do tempo, cada um, mais exatamente não todos, mas a maioria absoluta, em geral nunca olhou para a sociedade local, como algo humano e social, e meramente como uma forma de conseguir, parte sobreviver, e parte enriquecer. Desta forma, de forma imperceptível por cada um de nós, fomos perdendo a sensibilidade do que seja construir uma sociedade realmente humana, natural, social, e que respeitasse as necessidades humanas e da natureza, e que defendesse as liberdades e direitos individuais, e que cultivasse a responsabilidade e o respeito. Uns por mera perda da sensibilidade, outros por interesses diversos, outros mais por mera omissão, outros ainda por cegueira e domesticação catequisada e fermentada pelos poderes, entre eles o econômico e o religioso, que de mãos dadas sempre moveram os demais, o poder político, e mais recentemente o poder da mídia, acabamos achando normal e natural que o grau de exclusão, e aqui não unicamente econômico, mas humano, cultural, educacional, e social fossem continuamente vilipendiados e desprezados, levando a uma parcela enorme da população a ser mantida quieta e sem poder, pelo sufoco da repressão, da força, e da domesticação religiosa e midiática. Vulneráveis e sem capacidade de articulação, amansados pelo doutrinamento religioso e midiático, esta parcela da população se viu ao longo do tempo andando perdida e apenas sobrevivendo, como podem, segundo os interesses e necessidades da outra parcela da população, a que se locupleta direta ou indiretamente com o estado atual da sociedade. O que a maioria da população não se dá conta, é que este estado mantido por dormência mental para aceitar o que é, e pela força policial, militar, da repressão, nos faz estar sobre, ou dentro, de uma panela de pressão continuamente prestes a explodir. E não é porque aquela parcela excluída, abusada, oprimida, explorada, largada dos mínimos direitos dignos e sociais sejam más, não são. São em sua maioria seres humanos bons, sofridos, que apenas estão sem perceber, sendo mantidos domesticados pela força e pela doutrinação, mas que no fundo sofrem calados a tristeza, e a dor de não se verem parcela ativa da sociedade, que olham para o asfalto como algo que não os quer, ou melhor que os quer apenas e tão somente para subempregos, e como mão de obra quase escrava. A situação no ES apenas mostra isso. Eu, a muito tempo comentava que temia, em especial em cidades como o Rio e São Paulo, onde o nível de excluídos, de repressão pela força e pela doutrinação, e de explorados é grande, que bastaria algum evento localizado, que como um rastilho de pólvora, faria eclodir naqueles que calados fermentaram algum grau de revolta contra esta sociedade que nada ou quase nada por eles se dispôs a fazer ou lutar, para que explodissem, e em uma reação em cadeia, como a fissão nuclear em uma reação atómica, levasse a uma fissão humana em plena revolta social, e de novo, não porque sejam eles ou nós más pessoas, desumanos ou odiosos, mas porque o fermento natural para uma revolta destes excluídos vem crescendo, e acabamos por fingir que não é nossa culpa, que nada podemos fazer, e que se o tentássemos poderíamos estar pondo em risco o que conseguimos, afinal “tudo o que conseguimos” foi apenas por “mérito” próprio e nunca apoiamos o atual estado insocial de nossa sociedade.
"Microtexto" publicado inicialmente no G+
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Sou um ateu racional e um livre pensador, ou melhor, eu sou um ateu que tenta ser (que se compromete a ser) racional e livre pensador
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