Construção social do amor

Adoraria dizer que o amor não tem fim, que se ama e pronto, mas em verdade não é no que creio, nem que o amor, amor algum, não tenha fim, e muito menos que se ama e pronto, como se o amor fosse algo que exista por si só, um produto de prateleira, ou uma vontade simples. O amor é algo que não é apenas nobre, é sensível, sutil, simples, mas de tão simples se faz complexo. O amor requer vontade, esforço, doação, entrega e coragem, é verdade, mas requer construção e contínua reconstrução. Poderia falar que o amor também requer desconstruções, mas não quero enveredar hoje por esta trilha, portanto apenas comentarei que é necessária alguma desconstrução do que podemos ser, para permitir alicerces e estrutura para o amor que hora nos pomos a tentar construir.

Se o amor não é uma virtude natural (no sentido de naturalmente pronta em cada um de nós), se não é um estado de ser pleno em nós ou em cada um, se não é algo pronto e inerente a existência humana, como pessoalmente acredito, não significa por outro lado achar que não temos componentes biológicos e mentais para soerguer o amor, significa sim que ele deve ser construído, edificado, e pode ser alcançado, mas exatamente por ser ele uma construção, ele não é eterno, sua eternidade estaria atrelada a muitas variantes, como nossa contínua reconstrução. Se sua existência está atrelada a sua construção e reformas diária, seu fim estará atrelado a sua desconstrução, a nossa omissão, ou a nossa displicência humana.

Desta mesma forma o amor não é algo do tipo, ame-se e pronto. Desta forma o amor não é eterno, mas por amor podemos eternizar nossos atos e nossa existência. Não que creia em uma imortalidade da alma ou em algo divino ou místico, mas creio na eternização imanente de uma existência pela construção de exemplos. É triste e desumano, mas podemos também eternizar um momento exatamente pelo seu oposto, pelo ódio ou pela maldade.

Cabe-nos como humanos termos a coragem e o desprendimento compromissado de nos movermos na construção social deste amor. Um amor que seja muito mais do que um amor pelos filhos, ou pela pessoa amada, que seja mais do que o amor pelos amigos, que este amor extrapole em muito a nós e aos nossos, e que se coloque nos outros, que nos permita estar nos outros, quaisquer que sejam estes outros, mas que seja ele, o amor, algo eternamente emaranhado com a razão, solidificado e estruturado como um amor racional.



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Sou um ateu racional e um livre pensador, ou melhor, eu sou um ateu que tenta ser (que se compromete a ser) racional e livre pensador.

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