O universo não é um jogo
O universo não é um jogo, não podemos escolher a realização do que é, do que existe, cabe-nos apenas e tão somente experimentá-lo e tomarmos experiência em sua realização. A existência não é uma aposta, um jogo ou uma alternativa, não nos cabe escolher o que ela é, ou não nos cabe mais, escolher o lado em que jogamos, ou o lado do que cremos: o da “real” realidade ou o daquele que acredita moldar o que é ao que ele acha que deveria ser, ou mesmo ao que gostaria que fosse.
O real, aqui, está lançado pelo que é, sendo, absolutamente, sem ligar ou prestar atenção para o que pensamos, ou para o que desejássemos que ele fosse.
O universo não é um jogo, não possui regras externas a si mesmo, não possui nada além da própria realidade do que ele é, sendo em essência o tudo que existe, mesmo que distorcido por nossa interpretação, por nossos preconceitos ou por nossa insensibilidade potencial.
O universo não é um jogo, sendo o real aquilo que é, mas viver este real nos permite, em nosso escopo, alguma atuação, que pode ao longo do presente contínuo, se fazer ainda real, mas um real de viver que pode ser diferente. A realidade é em si simples e ao mesmo tempo demasiado complexa, mas isto jamais pode ser desculpa para não ser revoltado com o que aqui está e vanguardeiro na tentativa de em plena realização do presente real, tentar transformar este presente, não enquanto o que já acabou de ser, mas enquanto aquele presente que ousa sempre chegar.
O universo não é um jogo, ele simplesmente é o que é. A realidade não é um jogo, pois ela é o presente que se nos apresenta, mas viver, não obstante não ser um jogo, nos permite ser com ela, nos permite alguma área de manobra, alguma atuação enquanto ator e diretor deste viver. Nunca seremos senhores de nosso viver é verdade, mas poderemos ser membros desta realização, atuando agora, por um agora diferente.
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