Ética ou convenções
Muitos podem achar estranho, mas entre Kant e Hume, sou mais, no geral, Hume, inclusive quanto ao tratamento moral. Mas como um defensor do racional troca Kant por Hume? Primeiro que não é uma troca, é uma maior afinidade, não sou papagaio, ou mero copiador, ou seguidor de quem quer que seja, tento pensar e construir minha própria linha de viver, e além do mais entendo simplesmente que a razão é importante, sim, mas é também importante o amor, a empatia, a sensibilidade, a simpatia, a fraternidade, e também por que discordo, até mesmo por motivos científicos, com abordagens que entendo erradas de Kant. Podemos nos utilizar de ambos como argumento crítico para estressar nossos pensamentos, o que sentimos, o que acreditamos, mas também com o que nos faz mais humanos. A ética não é a aplicação plena do racional como tenta defender Kant, até porque como já escrevi em diversas outras abordagens minhas, o racional tem limite, e o uso da razão de forma intempestiva e absoluta acaba nos levando ao próprio suicídio, exatamente pelas armas que escolhemos para lutar, o uso da razão sempre inicia-se em algum nível de crenças e o que precisamos é ter o máximo de armas para nossa defesa, como a razão, a lógica, um estado crítico e de livre pensar, certo ceticismo, mas também de sentimentos que nos equilibram como a humildade, o afeto sincero, o respeito humano, a sensibilidade social, assim eu me utilizo, como muitos outros do termo “razão amorosa” ou “amor racional”, um dando respaldo, força e equilíbrio ao outro, uma reação simbiótica daqueles que realmente buscam as verdades, sem se esquecerem que em última análise somos seres humanos imperfeitos, complexos e sociais.
“ ... Para mim, moralidade relaciona-se com ajudar e não prejudicar, e estas são atitudes interligadas. Se você está se afogando e eu não ajudo, para todos os efeitos estou prejudicando você. ... Frans de Waal”.
Devemos ter especial cuidado com as convenções, em especial as com arcabouço moral defendidas e que em nada ajudam, ou nada prejudicam alguém.
“... Um dos meus primeiros choques culturais quando me mudei para os Estados Unidos foi a notícia de que uma mulher fora presa por amamentar dentro de um shopping. Não entendi por que isso podia ser visto como uma transgressão. O jornal de minha cidade descreveu a prisão em termos morais, alguma coisa ligada à decência pública. Mas, como o comportamento materno natural não pode prejudicar ninguém, aquilo não passava de uma violação de normas. Já aos dois anos as crianças distinguem entre princípios morais (“não roubar”) e normas culturais (“não usar pijamas na escola”). Percebem que violar certas regras prejudica outros, enquanto transgredir outras apenas viola expectativas. Este último tipo de regra é culturalmente variável. Na Europa ninguém pisca diante de seios nus, que podem ser vistos nas praias. Mas se lá eu dissesse que tenho um revolver em casa todo mundo ficaria muito preocupado e se perguntaria o que é que deu em mim. Uma cultura tem mais medo de revolveres do que de seios, e outra, a americana, tem mais medo de seios do que revolveres. Muitas convenções são cercadas com a linguagem da moralidade, mas na verdade pouco têm a ver com ela. ... Frans de Waal.”
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Sou um ateu racional e um livre pensador, ou melhor, eu sou um ateu que tenta ser (que se compromete a ser) racional e livre pensador.
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