Emoções afetam nosso julgamento moral

Cada vez mais tem-se a certeza de que nossas emoções afetam o nosso julgamento moral. Cada vez mais esta assertiva é corroborada por pesquisas de ponta e sérias. Vamos pensar em duas situações que envolvam salvar crianças, onde um dos pensamentos interage diretamente com os centros neurais da emoção, e o outro pensamento, quando muito, tem uma mínima interação com estes centros, ou mesmo nenhuma interação. O que entendo importante dizer antes de partirmos para o exercício mental, é que para especialistas e pesquisadores da moral, os dois pensamentos representam fatos que por si só, são indiferentes do ponto de vista moral, entretanto para a maioria de nós, acabamos por agir de forma diferente, sendo a emoção o seu grande elo diferenciador de nossas ações.

O primeiro exercício seria você se pensar em um casamento de alguém importante para você, que tenha te levado a comprar um terno cujo custo está acima de suas posses normais. Como o salão estivesse lotado, e a fila para acesso a comida estivesse enorme, você opta por dar uma volta na parte externa do prédio, apreciando o seu jardim e o lago. Enquanto você passeia e aprecia a beleza do local, você se depara com uma criança se afogando no lago. De relance você percebe que o lago não é fundo para um adulto, e que você pode com segurança salva a criança. É muito provável que você se lance ao lago para salvar a criança, independente, ou mesmo sem sequer se importar com o seu investimento no terno. A vida de uma criança, que você pode salvar, vale muito mais do que qualquer despesa, pelo menos para a maioria absoluta de nós. A carga emocional de você estar vendo aquela criança gritando por socorro, se debatendo na agua, levantando os bracinhos, toma conta de você, e você sai imediatamente a acudir aquela criança.

Agora façamos um outro exercício. Você retorna do trabalho, e ao chegar em casa, tem acesso a uma correspondência de uma ong informando que crianças estão morrendo diariamente por falta de agua, alimento e de atendimento médico, e que você pode salvar uma delas, ou mais, com uma doação na metade do valor do terno que você comprou no exercício anterior. A carta mostra o site da doação, que pode ser feito por débito ou crédito, e explica detalhes, passo a passo, de como fazer e confirmar sua doação, e termina agradecendo sua ajuda. Neste caso a maioria das pessoas, não obstante algum pesar imediato, pela situação de sofrimento das crianças, acaba por não efetuar a doação. A maioria das pessoas acaba achando normal agir desta forma, não obstante a situação moral ser exatamente a mesma, salvar a vida de uma criança. Porque? Simplesmente porque a carga emocional, neste caso, é muito menor, ou mesmo inexistente. Alguns exames de imagens do cérebro mostram claramente, que para muitos, sequer se iluminam as áreas responsáveis pela emoção. Muitos vão pensar, que outras pessoas acabarão por ajudar a salvar estas crianças, e muitos se desculparão colocando a culpa em que não conhecem a ong, desconhecem a idoneidade dela, e que você não saberá o que realmente farão com a sua doação, mas estas mesmas pessoas que colocaram em dúvida a idoneidade da ong, não “perderão” tempo algum buscando referências para confirmar a idoneidade da organização, ou buscando alguma outra organização confiável para fazer a doação. O que realmente mudou neurologicamente de uma situação para a outra, já que do ponto de vista ético-moral, são iguais, pois que se atentam para salvar uma vida, mesmo com algum prejuízo financeiro? O que mudou foi a carga emocional. No primeiro caso, porções neurais ligadas as emoções acendem-se fortemente, e no segundo caso pouco se iluminam, ou nada se iluminam. Nosso julgamento moral é fortemente influenciado pelo nosso estado emocional. 


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Sou um ateu racional e um livre pensador, ou melhor, eu sou um ateu que tenta ser (que se compromete a ser) racional e livre pensador.

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