Nossa mente é tudo que nós podemos realmente ter
No fundo, nossa mente é tudo que nós podemos ter, pelo menos de forma consciente, enquanto nosso cérebro possuir integridade funcional. Mais no fundo ainda é nosso inconsciente aquilo que realmente temos e somos, aquilo que nos faz ser e nos faz ter o que temos de nós mesmos e que ninguém pode nos retirar enquanto somos. Nada do mundo externo nos pertence, tudo que podemos hoje ter, ou que venhamos amanhã a ter, pode ser perdido, retirado ou pode simplesmente desaparecer. O meu pensamento ainda é minha propriedade, se não do meu eu consciente, que pode ser mero leitor de um noticiário escrito e tornado público para mim pelo inconsciente que me faz realmente ser, o que penso e o que sinto é minha propriedade, pois que vindo de mim, me faz, apenas a mim (pelo menos por enquanto), ser seu meio, e seu fim.
O que penso, o que sinto, o que realizo enquanto ser pensante e senciente a mim pertence, e não o negocio por nenhum bem material, ou nenhum status externo a mim mesmo. Preciso ter algumas coisas, ou preciso ter aceso e uso à algumas coisas, é verdade, preciso de alimentação, preciso de ar e agua, preciso de vestes, preciso de um lugar para dormir, preciso de emprego ou formas de acesso a poder de compra (pelo menos enquanto vivendo em sociedade), preciso ter acesso a conhecimento, preciso assim de companheiros, de irmãos, semelhantes, e de parceiros. Ninguém vive independente do mundo externo, todos somos frutos e dependentes do nicho ecológico, de companheiros, e de algum nível de interação com terceiros. Todos, em especial os que vivem em sociedades, necessitam de ações de pessoas, muitas vezes invisíveis ao todo, para que possamos levar uma vida comum que seja, regular, no sentido de normal, e minimamente social. Mas nada disto me pertence, a nossa mãe terra não é de ninguém, e todo bem material deve ser de todos, ou pelo menos igualmente acessível a todos. Os bens materiais, os meios naturais, o conhecimento, ou a relação social, são meios para que eu possa ser o que plenamente deva ser, o ser mental e senciente que sou e que neste escopo a ninguém pertence, a nada pertence, somente a mim pertence, humano, natural, material e imanente. É verdade que entendo que minha mente, consciente e inconsciente, a mim pertence, mas acabei não sendo verdadeiro quando afirmei que ninguém possa retirar-me até mesmo aquilo que me é mais importante e que somente a mim pertence, uma vez que mesmo esta mente que me faz ser o que sou, que a mim unicamente pertence, pode sim ser retirada ou afetada por terceiros. Minha mente é reflexo da emergência dos seres que sou, frente ao complexo processo de meu circuito neural, plástico e maravilhoso. Assim, para retirar de mim meus pensamentos ou meus sentimentos, basta que me afetem o funcionamento de meu circuito cerebral, afetando em parte ou no todo, destruindo-o em parte ou no todo. Álcool, drogas, medicações, até mesmo a simples falta de vitamina b podem afetar diretamente o funcionamento deste maravilhoso circuito cerebral e já não serei o mesmo. Doenças, acidentes, intoxicações e já terei perdido em parte, ou no todo, meus pensamentos e sentimentos. Campos magnéticos, induções elétricas, ou algo que interfira com meus neurotransmissores e já serei outro. Febre, tumores ou catequeses forçadas e já posso estar não sendo mais aquele eu que era o dono, consciente ou inconsciente, que era a criação que me fazia dono do que era e do que sou.
Desta forma o correto seria dizer que verdadeiramente, no fundo, nossa mente é tudo o que podemos ter, mas mesmo isto, pode ser-nos retirado, intencional ou não intencionalmente, por terceiros, pela natureza, ou por mim mesmo, o que em nada diminui sua importância, pelo contrário, apenas a eleva, uma vez que o que me é mais importante, meus pensamentos e sentimentos, meu ser pensante e senciente, meu eu, aquilo que somente a mim pertence, pode ser perdido, ou retirado, em parte ou no todo, a qualquer momento, o que a faz mais importante ainda, e mais rara, pois que somente eu possuo, mesmo que temporariamente. Mesmo enquanto muitos valorizam o ter, e eu entendo que algum nível do ter é necessário, por isso luto por igualdades e liberdades sociais, valorizo mais o ser que sou, ou o ser que tento ser, valorizando o meu ser pensante e senciente. Liberdade e igualdade para todos, para que todos possam ter o necessário, para que tendo o necessário possam ser em essência humana e social o que são e o que podem ser. Sou ateu, sou materialista, sou imanente, física e mentalmente, e assim entendo que somente eu posso ser o que sou, que o que sou a mim pertence, assim que necessito social e humanamente ter, para poder ser, mas o que tenho do mundo externo a todos deve pertencer, pois que todo bem material é finito, e que sempre que tenho algo, ou que tenho algo além do mínimo necessário, faltará, ou poderá faltar para outros, aqui, ali, ou acolá, no Brasil, nas Américas, na África, ou em qualquer lugar do mundo, entre os meus, ou entre os deles, mas no fundo sempre entre o nossos, pois que somos irmãos em espécie, humana, social e natural.
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Sou um ateu racional e um livre pensador, ou melhor, eu sou um ateu que tenta ser (que se compromete a ser) racional e livre pensador.
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