Eu preciso de mim para ser feliz

Eu preciso de mim para ser feliz, se nunca plenamente feliz, pelo menos para poder estar momentaneamente feliz. Amigos são sempre bem vindos, mas nunca para me fazerem feliz independente de mim mesmo. Amigos são bem vindos para celebrarem comigo aqueles momentos em que estou feliz, ou então para me suportarem em meus momentos de tristeza, mas sempre, minha tristeza ou alegria serão atributos meus, nunca de meus amigos. Amigos não são muletas, apesar de muitas vezes preferirmos que assim fossem. Amigos, ou meros conhecidos, mesmo os desconhecidos, ou aqueles que se comportam como nossos inimigos, muitas vezes pelo que nós mesmos fazemos ou fizemos a eles, não são totalmente importantes na minha construção dos momentos felizes que experimento. Podem participar? Que bom quando participam.


Os amigos, nós mesmos os escolhemos, eles nunca se escolhem o amigo que escolhi, segundo nosso ponto de vista. Eu escolho meus amigos, não somente, ou não exatamente, porque eles me escolheram por seus amigos. Eu os escolho por ver neles qualidades humanas e sociais, não porque veja neles algum tipo de investimento, algum tipo de utilidade, ou alguma fonte de ajuda, menos ainda para não me abandonarem ou para estarem sempre comigo, muito menos ainda para que compactuem com o que pense, creia ou deseje.

Eu escolho meus amigos independentemente de eles me escolherem seus amigos. A amizade, como a vejo, não é, e nunca terá de ser, uma via de mão dupla, melhor quando o é, é verdade, mas nunca é necessário que o seja.

Não sou feliz pelos amigos que tenha, ou que comigo estão. Sinto-me bem com eles, é natural, os respeito e os amo, e com eles posso me soltar, ser eu mesmo e crescer, mas nunca acreditarei que serei feliz por causa deles, apesar de muito gostar de ser feliz com eles. Não posso e não devo passar a eles a responsabilidade pela minha felicidade, eu os escolhi pelo que eles são, e não pelo que eles podem fazer por mim.

A felicidade é uma construção subjetiva, assim sendo complexa, pessoal e intransferível, às vezes um pouco contagiante, mas devo saber que não sou e creio nunca serei plenamente  feliz, posso no máximo estar feliz. A felicidade é assim um polvilhar de momentos que minimizam ou quebram nosso sofrer. Impossível ser plenamente feliz, este é um dos vários motivos que me faz não crer em sábios, ou mesmo ter receios e reservas dos que se arvoram em falar que são plenamente felizes, que realizam a felicidade plena. 
Sou humano, sou empático, uma vez que a empatia é animal, é natural, o que me faz impossível de ser continuamente feliz, frente o sofrimento dos outros, de tantos outros. Mas até mesmo por ser humano tenho o direito a momentos de felicidade, e os tenho, mas eles de mim dependem. 

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