Palavras
Palavras, símbolos sonoros, combinação de fonemas. Palavras, algo tão comum no nosso uso diário, que não percebemos sua força para o bem e para o mau. Palavras, são elas muito mais importantes do que podem parecer. Elas possuem força e suavidade, poder e ternura, podem motivar, ofender, animar, destruir ou mesmo humanizar. Palavras, símbolos, imagens, e gestual, são para mim bastante relacionadas, pois todas possuem simbolismo.
Entendo que as palavras estão armazenadas em nosso cérebro como imagens de seu símbolo, e relacionadas não somente ao simbolismo do seu próprio sentido, mas também a sentidos pessoais, a sentimentos, a significados e a emoções. Se prestarmos a atenção a nossa própria leitura de cada palavra, não o fazemos pelas letras ou pelas sílabas, nosso cérebro as pesquisa “indexadas” diretamente pela sua imagem, pelo seu símbolo gráfico, exatamente como o faria para entender um objeto como uma cadeira. Nosso cérebro não analisa conscientemente o objeto cadeira, decompondo-a em suas partes mais básicas, como entender que possui pernas, assento e encosto, então é uma cadeira, nosso cérebro busca direto em um banco de imagens, e percebe diretamente que aquele objeto é uma cadeira, entre outras coisas pela sua função aparente. Inconsciente entendo que o cérebro, que o processamento mental de sá por várias vias neste caso, um busca imagens semelhantes, outro busca por aparente funcionalidade do objeto, e talvez por outros mais, tudo inconscientemente, e tudo tentando assumir um objeto plano que vemos, como algo tridimensional e que pode possuir um lado que não estamos vendo. Assim, varias respostas podem surgir, neste instante, alguma espécie de coordenador central de imagem e sentidos rapidamente agrupa estas respostas, que chegaram como resultados de processos ativos mas que são totalmente inconsciente para nós, e procura aquela que mais faça sentido no contexto envolvido, e que possa integrar funcionalidade, aparência, tamanho, volume e etc. O mesmo ocorre quanto a perceber (ler mentalmente) um objeto carro, que não é percebido necessariamente e somente pelas suas partes componentes para chegarmos a conclusão de que é um carro. Entendo assim que durante a leitura de um texto, ou de uma analise de qualquer imagem, o processo tende a ser semelhante. Exatamente o mesmo deve ocorrer quando lemos palavras, em um texto, qualquer texto. Não lemos cada palavra como constituída de sílabas e estas de letras, lemos as palavras como um todo, pela imagem do que ela é, pelo símbolo que a compõe (Apenas lemos as palavras, letra a letra, fonema a fonema, silaba a sílaba quando estamos aprendendo a ler, até que nosso banco de dados de imagens passe a conter esta palavra-imagem), e isto é tão mais verdade quando percebemos crianças sem alfabetização que já sabem “ler” Coca Cola, Ford, no meu tempo, Mesbla, Shell e etc.
Apenas quando estamos aprendendo a ler, ou aprendendo novas palavras, como de outro idioma ou termos exóticos de nossa língua, é que as lemos como letras que se juntam em silabas e destas em palavras, e de novo, exatamente o mesmo ocorre quando nos deparamos com objetos ou imagens novas ou complexas onde aplicamos maior esforço analisando e remontando mentalmente seu significado e função pelo entendimento e montagem de suas partes.
Palavras são em si muito importantes. Eu sei que elas em si mesmas não obram absolutamente nada de físico, mas podem construir ou destruir mentalmente um ser humano. Mesmo para nossas ações, para o fazer ou o desfazer, necessitamos pensar, e no mínimo, para pensar, para bem pensar, necessitamos fazer bom uso das palavras, dos símbolos e dos seus significados, pois estes como aqueles são vitais para construção e direção de alguma análise crítica, de alguma racionalidade, e até mesmo para simples construção do entendimento geral e da interpretação contextual e objetiva do que observamos, lemos ou pensamos.
As palavras, ousaria eu arriscar, são assim como a alma das coisas, o próprio espírito do pensamento. Pensar sem elas pode não ser impossível, mas seria extremamente limitado, é impossível qualquer pensar que mergulhe um mínimo da superficialidade do pensado em que não nos utilizemos mentalmente de palavras. Entendo que conscientemente pensar sem elas é impossível, pensar sem elas é um ato possível apenas no âmbito inconsciente, no escopo do subconsciente, ou em um pensar que seja muito mais sentir do que pensar, emocional. Desta forma devemos valorizar muito as palavras. Falar sem saber o que se fala, é melhor que nos calemos. É melhor o silêncio do que largar a ermo palavras que nada construam, que nada transformem, e que pelo contrário ainda destruam a dignidade humana, ainda ofendam o social humano ou que por si só agridam a nossa humanidade.
Palavras são para mim a própria dualidade mente cérebro, espirito e corpo do que pensamos. Nascemos com um circuito plástico natural para aprendermos comunicação, linguagens, mas não nascemos com uma linguagem formal, isto é cultural, aprendemos uma linguagem, mas nascemos com capacidade básica, mas poderosa, de aprender e inovar em questão de comunicação e linguagem, para desespero dos puristas cultos que se agarram ao formalismo da língua como algo que separa o mais preparado para o mais despreparado, melhor dizendo que os separa do povão, como uma questão de status e de nobreza. Hirg!!! Como me incomoda esta presunção, é importante que todos aprendamos uma língua, e a nossa em especial é linda e poderosa, para que melhor nos comuniquemos e melhor possamos pensar. E em contrapartida é importante que aprendamos a pensar para melhor entender o que lemos, ouvimos ou falamos. Ler e interpretar, não somente ler. Ouvir e interpretar, não somente ouvir. Interpretar para falar, e não somente falar. Existem línguas que são bastante incompletas para o uso racional e crítico do pensamento, mas em especial a nossa é bastante poderosa neste fato, por isto devemos aprender a nossa língua, mas não como status, vaidade ou nobreza, e sim para nos permitir uso racional, crítico, cético e científico de nosso pensar. Pensar é bom, bem pensar é poderoso, e o melhor é de graça e secreto, assim podemos ir bem fundo no pensar, podemos embarcar por caminhos que aparentemente possam parecer não éticos no pensamento, com a principal função de percebermos os alcances destes pensar, e se seriam realmente antiéticos, pois que muito da catequese do sistema, da indução da sociedade tende a nos limitar em muitas coisas, sem que nos apercebamos que estão erradas, ou que defendem unicamente um ponto de vista local, pessoal ou corporativo. É claro que muitas autoridades do saber, reveladores, livros místicos religiosos ou corporações religiosas ou seculares estarão me refutando, simplesmente porque não querem que você, que eu, que nós, ou que eles pensem livremente, que racionalmente critiquem tudo, que ceticamente duvidem inicialmente de tudo, porque você, eu, nós ou eles poderemos descobrir que estávamos errados, sendo muita vezes enganados por interesses daqueles mesmos que não querem nos provocar e preparar para bem pensar, para pensar livremente, para soltar as amarras do que cremos sem refletir profundamente, porque o bem pensar levará cedo ou tarde a descobertas maravilhosas para quem o faz, mas desastrosas, indesejáveis ou inaceitáveis para o sistema político, econômico, religioso ou corporativo do poder dominante.
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