O eu

Por mais que o ser que vivemos, ou os seres que nos compõem possam parecer metafísicos, sobrenaturais, ou transcendentes, o realizar destes seres é material, ou melhor, o “ente” que os realiza, e que possibilita suas realizações, são entes físicos, são seres materiais e imanentes.


Saber que o ser existe, que o eu é único em cada um de nós, mesmo que de origem em múltiplos eus, pode parecer metafísico, mas são estes seres, todos eles, seres mentais, e conhecer estes seres, o porquê eles existem, o porquê deles existirem, o como estes seres ganham existência, e possibilitam o nascer de nosso eu, é um ato da ciência, é um ato de busca material, é uma ação totalmente real, não de fé ou de revelação.

O ser em si, é não menos real, porque mental, psíquico, subjetivo e introspectivo, ele somente ganha vida, somente se faz possível de realizar, e realiza sua função de permitir o eu, porque como base estrutural existe o cérebro, que por sua realização bioquímica permite e possibilita a emergência do mental, e neste o surgimento dos seres que nos levam até o nosso eu, nunca o contrário.

Modifique o funcionamento estrutural ou bioquímico do cérebro, por acidente, por medicação ou intoxicação química, por doença, por contatos elétricos em eletrodos introduzidos, ou mesmo somente por ação de campos eletromagnéticos fortes localizados, e o eu estará afetado temporariamente ou definitivamente. Suspenda-se o funcionamento cerebral por anestésico ou coma, e o eu estará também suspenso. Quem já sofreu uma anestesia geral, como eu, sabe que existe um “buraco” temporal na realização do eu. É como se não tivesse existido aquele momento. Alguém pode lembrar do dormir, a diferença, pelo que entendo é que no dormir, o subconsciente continua operando, os sentidos de alguma forma continuam operando, posso pelo menos sonhar, e os sensores continuam sendo processados, assim o eu cobre alguns “buracos” com sonhos, e como os sensores continuam ativos, posso ser acordado por eventos externos, como calor ou frio em excesso, barulho, luz, toque, e nos casos do coma ou da anestesia geral, nem isto, tornando assim a ausência do eu um contínuo temporal.

Destrua-se o cérebro, mesmo que se mantenha o restante do corpo vivo por meios externos, e o eu já não mais existirá. Se o eu que sou, ou os seres que me compõem existem, é porque o cérebro, um cérebro, existe e funcionalmente ainda opera, mesmo que sem a plenitude de sua função.

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