Deuses, em geral possuem a mesma essência estrutural
Percebe-se que damos a deus as “melhores” qualidades e atributos, aquilo que intuímos e percebemos como “melhores” ou “ideais” características humanas. Deus é assim uma espécie do melhor dos humanos, a perfeição humana em um único ser. Coincidência? Dirão logo que não. Vaidade? Eu sincera e honestamente creio que sim. Perceber que deus tem as qualidades humanas mais desejáveis, é um passo para facilitar nossa crença de que nós temos de forma imperfeita e incompleta as “melhores” qualidades “celestes” que podem nos fazer plenamente humanos. Mas e daí? Será que a existência de um deus (supondo que ele existisse), implicaria exatamente em que suas qualidades fossem um suprassumo do que seriam as melhores qualidades humanas, se nós humanos evoluímos por muitas centenas de milhões de anos, e se voltarmos até o surgimento do primeiro replicante, nossa evolução, como ser vivo, pelo menos envolveu alguns bilhões de anos, e o estágio atual em que a espécie humana atingiu, depois desta quase eternidade na referência temporal em que estamos acostumados a pensar, seria exatamente o caminhar imperfeito rumo ao estado da arte das qualidades daquele deus, ou seria simplesmente o inverso, nos olhamos como seres superiores e damos a um deus criado a perfeição que não temos, as qualidades que podem ser consideradas ideais em um humano típico “perfeito”? Crer que somos ou seríamos criados a imagem e semelhança de “nosso” deus, seja lá imagem e semelhança física ou imagem e semelhança mental, é realmente, para mim, muita vaidade concentrada. Acreditar em uma criação “adhoc” é perda de tempo, é insustentável, é se fazer cego a uma infinidade de evidências. Então sobraria um deus diretivo, que foi a cada instante dirigindo a evolução, mas muito mais do que somente a evolução, foi dirigindo uma sucessão de catástrofes universais para que pudesse chegar o momento em que os mamíferos pudessem galgar sua importância na história natural das espécies. Me parece no mínimo improvável esta linha de argumentação, e admito que me vejo tentado a referenciar este tipo de pensamento como pedante e incomodo. Além de crer que fomos criados, crer também que aquele mesmo deus criou tudo, um universo enorme, praticamente infinito segundo nossos padrões normais de medida me soa muito mal. Como imaginar uma “esfera” celeste de muito mais do que 28 bilhões de anos de anos luz de diâmetro, e afirmar que ele criou isto tudo, apenas, única e tão somente para nosso deleite e bel prazer, para que nós, os seres humanos que somente apareceriam cerca de 14 bilhões de anos depois, pudéssemos ocupar um mísero e simples planetinha, em um sistema solar de uma simples e nada especial estrela, em uma galáxia também sem nenhuma qualidade astronômica especial, sinceramente chega a me incomodar, chega-me a parecer no mínimo pedante e presunçoso, chega a parecer pura vaidade.
Ter como referência as qualidades humanas de deus, acaba por dificultar sobremaneira a nossa percepção. Como duvidar, para uma pessoa não acostumada a tentar desconstruir o que lhe ensinam, da existência de um deus que “é” a minha essência, elevada a raia maior da perfeição, que é o ideal do que eu poderia chegar a ser? É difícil. Duvidar deste “meu” deus seria duvidar de mim mesmo, seria duvidar da essência do que idealizo como perfeição, seria pôr em dúvida que a humanidade é o caminho para a perfeição que não temos. É realmente tentador se entregar a esta crença, que por um lado me faz filho do perfeito, e que por outro lado me coloca acima do próprio natural. Como este deus é minha essência, perfeita, sim, tenho que ser uma criação dele, pensam de forma fácil estes seguidores. É fácil cair nesta tentação, quando em verdade entendo exatamente o oposto. Porque o criamos, criamos ele exatamente com a essência do que deveria ele ser para que nos criasse como somos, apenas imperfeitos.
Herege eu? Com certeza.
Esqueçamos por alguns instantes este deus abraâmico, este deus teísta, este deus cristão, vamos pensar um pouco em um deus pagão típico, em geral qualquer um deles, personificados em seres humanos, eles possuem uma, algumas ou diversas das nossas mesmas essências, horas misturadas com forças naturais que possam representar. Um deus pagão possui exatamente a mesma estrutura essencial daquele deus teísta. Porque?...
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Sou um ateu racional e um livre pensador, ou melhor, eu sou um ateu que tenta ser (que se compromete a ser) racional e livre pensador.
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