Não somos diamantes

O valor que possuímos é o valor do que realizamos, do que deixamos de exemplos, e da luta sincera que nos impomos pela natureza, pelo social, e pela vida em si. Não, não somos diamantes, brutos ou lapidados, de comum, praticamente nada, nossa beleza não está em nós mesmos, na aparência, ou na qualidade da lapidação, nossa beleza está em nossa mente, está no que somos interiormente, parte consciente e parte inconsciente, e destes que somos, a beleza perpassa radialmente em nossos atos e comportamentos, nas boas emoções que podemos ajudar os outros a sentirem, nas sensações de parceria sincera que podemos ajudar os outros a perceberem, nas construções de compromisso, sensibilidade e altruísmo que consigamos mostrar ser possível não somente para com os humanos, mas para com todo o natural que nos possibilita existir. 

A pureza absoluta é impossível e nem deve ser exigida, a lapidação externa deve ser evitada, ninguém é digno de nos lapidar, somos mais importantes que qualquer lapidação, catequeses, doutrinações ou domesticações. Somos naturais, e muito pelo contrário, não somos melhores e nem piores do que qualquer outro, ou de que qualquer outra espécie, somos únicos é verdade, cada um é único em sua existência, entretanto nosso valor não decorre desta unicidade, mas sim do como somos enquanto seres únicos, mas sociais, enquanto exemplares mentais complexos e únicos, mas de atitudes e comportamentos focados no bem estar coletivo, na dignidade de um viver humano para nossos irmãos e um viver também digno para as outras espécies, eternamente sincronizados com o respeito e compromissos sinceros com a natureza, e assim, também, com o nosso planetinha. Não me canso de repetir, a natureza, o nosso planeta, e até a essência da vida, do físico-químico que se fez biologia, existem sem nós, e existirão depois de nós, mas nós somente existimos pela natureza que nos possibilita existir. Por maior que seja nosso esforço no alcance de nosso aprimoramento, polimento, e crescimento humano, apenas estaremos atuando em fina camada externa. Continuaremos internamente naturais. Isto não é ruim, isto é simplesmente natural. Antes de sermos humanos, somos animais, ou melhor somos animais humanos, e trazemos conosco toda a beleza que nos une a toda a vida na terra, trazemos toda uma carga evolutiva que acabou por nos especializar em uma espécie única como qualquer outra, jamais melhor, superior ou divina, mas sim uma espécie que pode ser parte da própria destruição insensível de muitas outras espécies, podemos ser uma espécie que se acha superior, mas que está por sua prepotência e arrogância dilapidando nosso planeta, destruindo a capacidade de recuperação natural do equilíbrio de nossa mãe terra, mas nos esquecemos que por mais diabólicos e repugnantes seres que somos, praticamente uma infestação do próprio mal para o equilíbrio vital da natureza local, neste planetinha, a natureza perdurará, e nós pereceremos pelas próprias ações que praticamos.
  
Ser humano não é algo que nos faça superiores, ser humanos é aquilo que deveria nos especificar como espécie, e não nos colocar acima das outras espécies. Somos humanos se, e somente se, antes formos corpo e mente animais, e sendo animais, tomando consciência de que somos apenas uma variação sobre o mesmo tema de outros animais, em especial dos grandes primatas, tomarmos posse do que somos capazes, e realmente do que deveria nos diferenciar e qualificar como humanos, nunca com vergonha ou medo de ser antes animal. 

Somos humanos apenas quando nos esforçamos na realização deste salto em pleno escuro de incerteza, sem segurança de nada, ou mesmo sem promessa de chegarmos a lugar algum. O salto do animal natural, em sua bela e real estrutura de animal, que nos sustenta e nos opera nas entranhas de nosso existir, para o verdadeiramente humano, que de forma meramente mental nos dignifica como seres sociais, seres naturais, deve ser dado, e não é fácil fazê-lo. Isto nos impõem uma única alternativa, buscar estar continuamente cuidando do que somos. Quem se entrega nas mãos de outros não sabe o caminho a seguir e nem o porquê de seguir o que lhe induzem, assim, cabe a cada um de nós aprender a construir, tijolo a tijolo, nossa humanidade, que no fundo é sempre para os outros. 

Nossa origem naturalmente animal e aética, não deve e não pode nos ofender ou magoar. Só podemos experimentar nossa capacidade humana pela realização de nosso natural viver animal, cumpre-se assim que o façamos bem e envolto em uma aura mental humana que deve ser em parte construída, posto que apenas em parte ela se faz presente em nossa estrutura animal.


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Sou um ateu racional e um livre pensador, ou melhor, eu sou um ateu que tenta ser (que se compromete a ser) racional e livre pensador.

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