Busca da verdade, pelo menos de alguma parte da verdade
A busca de toda e qualquer verdade requer empenho, ousadia e coragem.
Empenho pois que dá trabalho buscar a verdade. Ela, a maioria das vezes não é obvia, “empenha-se” em se esconder de nossos sentidos, é não intuitiva, e muitas vezes não se mostra na superficialidade dos fenômenos. Nossa intuição, mais das vezes, é puro atalho para a crendice, a tolice, a ignorância, o preconceito, e para falácias ou factoides.
Ousadia para andar na frente, para se expor, para andar por caminhos diferentes, pouco comuns, muitas vezes de difícil acesso. Ousadia para retroceder quando quase todos tem certeza que o caminho é para a frente. Ousadia para alterar a rota, mesmo que a maioria esteja seguindo em outra direção. Ousadia para ser você, para impor empenho e encontrar coragem.
Coragem não somente para perceber a verdade, principalmente quando esta não se adeque ao que gostaríamos que ela fosse, ou ao que entendemos que ela devesse ser, mas principalmente coragem para recomeçar sempre que necessário for, mesmo que implique em assumir erros. Coragem para abrir mão de nossas crenças, não importando o quanto estejamos arraigados nela, para assumir que podemos ter empenhado muito de nossas vidas em falsas verdades, e principalmente porque a verdade, ou as verdades, podem ser, ou melhor, podem nos parecer dolorosas, tristes, podem ser feias aos nossos olhos, podem ser injustas segundo nossos valores, podem ser assustadoras, desumanas e insensíveis, e podem derrubar todo, ou parte, do castelo que construímos como zona de conforto, ao longo de nosso viver.
Quem falou que a verdade se preocupa conosco? Alias, quem falou que a realidade, que a natureza se preocupa conosco? Elas, a verdade, a natureza e a realidade, são autônomas em si mesmo, elas são absolutas, sendo relativa tão somente nossa interpretação delas, pois que as vemos, lamentavelmente, muitas vezes, com filtros de nossos valores, de nossos preconceitos, e de nossos desejos, que acabamos assim confundindo estes nossos desejos com verdades, temporalidade com causalidade, crenças com saber, verdades com valores, revelações com evidências, e finalmente confundido conhecimento com sabedoria. Para mim a sabedoria seria a capacidade de fazer bom uso, uso humano e social, dos conhecimentos que adquirimos.
A busca da verdade, de qualquer verdade, deve sempre iniciar com algum ceticismo. Duvidar das coisas e do que sabemos é sempre um bom começo para, livre de amarras, mergulhar fundo na busca das verdades, nos subterrâneos da realidade, e sair da simples superficialidade dos fenômenos, mas cadê que muitos de nós temos coragem para isto, abrir mão de nossas crenças, duvidar delas, para buscar profundamente as verdades, pois poderemos chegar ao impasse de que as verdades não se alinhem e não sejam aderentes ao escopo de nossas crenças, e tenhamos assim ou que fechar os olhos as verdades, ou abandonar nossas crenças, sejam elas seculares ou místico-religiosas...
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