A liberdade e a anarquia
A liberdade não é necessariamente um sinônimo de anarquia (aqui no sentido de bagunça, desrespeito, ou confusão), Até mesmo porque entendo ser totalmente possível uma anarquia (aqui no sentido politico-filosófico anarquista) responsável. Sim, entendo, não somente eu mas muitos entendem ser possível uma anarquia (estado anárquico) responsável, uma vez que o anarquismo não é ausência de ordem, de respeito humano ou de sensibilidade humana. Os anarquistas defendem uma sociedade baseada na liberdade total, porém responsável (não afirmo que seria fácil manter uma sociedade grande e complexa como a nossa em equilíbrio, em um estado de justiça humana e de respeito social, com a ausência total de poder algum. Pode ser difícil, mas não é impossível). O desejo anárquico seria uma sociedade liberta de opressão, mas totalmente responsável de seus deveres, cônscia de seus direitos, compromissada com uma justiça social, sem propriedade privada, porem uma sociedade justa, totalmente inclusiva, e igualitária. A liberdade pode assim ser anárquica e a sociedade poderia ser como um todo coletivamente responsável e livre de opressão.
Difícil de implantar? Talvez. Mas não impossível de se alcançar, principalmente para quem se sujeita ao sofrimento excludente do liberalismo econômico, sem direito a um liberalismo social, seria uma mudança radical, mas sem a menor dúvida, muito mais humana e social.
PS: Não sendo profundo conhecedor do anarquismo, pois fui um daqueles catequisados ao longo do tempo pela deturpação de sentidos apresentada pela educação com interesses politico-religiosos, que somente depois de “velho” percebeu o verdadeiro significado de materialismo, ceticismo, e anarquismo. Foram necessários muitos anos para me ver livre das amarras preconceituosas da criação e educação político-religiosa que tive, e assim chegar a perceber que posso ser melhor sendo ateu secular do que um religioso dogmático, “segregador” e preconceituoso. Somente o tempo não teria me mudado, mas o estudo da natureza, inclusive da humana, o desenvolvimento de uma cultura cientifica, de um ceticismo, uma vontade de me tornar livre pensador, possibilitou claramente perceber que nenhuma religião é proprietária da ética humana, nenhum misticismo é senhor único do amor, as sensibilidade e da empatia pelos irmãos. Eu bem sei que devem existir religiosos livre daquelas “chagas”, mas como manter qualquer religião sem seus dogmas, preceitos, preconceitos, crenças cegas, respeito as revelações e as autoridades do saber. Ainda a pouco tempo tive um “desentendimento” com um padre famoso, televisivo, cantor, pela sua ainda viciada e preconceituosa visão sobre gatos, no tocante a uma missa para os animais. Não dou valor especial algum a nenhuma missa, a não ser a alguma confraternização social que lá possa acontecer, posto que irmãos se juntam, agora ter que escutar de qualquer um, no caso de um padre, que em um evento que tinha como centro os animais, de que não levassem gatos a estes eventos por que “todos sabemos como os gatos são”, foi demais para os meus ouvidos.
Retornando, para encerrar este texto, gostaria de colocar o que entendo do anarquismo sério, aquele que tanto assusta o poder, os poderosos, o sistema capitalista, simplesmente porque põe fim a propriedade privada: “Os anarquistas defendem uma sociedade baseada na liberdade dos indivíduos, solidariedade (apoio mútuo), coexistência harmoniosa, propriedade coletiva, autodisciplina, responsabilidade (individual e coletiva), sensibilidade humana e social, um estado verdadeiramente empático pelos semelhantes, e uma forma de governo baseada na autogestão. Os anarquistas não são baderneiros ou terroristas que querem um estado socialmente bagunçado, sob o descontrole geral onde a desordem reine absoluta, pelo contrário querem um estado ordeiro, equilibrado, justo, mas sob contínua autogestão.”.
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