Ser mais um
Ser mais um, no meio da multidão, é ser apenas mais um, sem
ser, realmente, em verdade, absolutamente, um único e qualquer um a mais, é ser
sempre mais um, sendo parte dos muitos, sendo quase nada a mais que APENAS mais
um.
Mas para ser verdadeiramente um, e não apenas mais um que quase nada é,
significa não caminhar necessariamente para onde a multidão caminha, ou
caminharemos às cegas, e nem caminhar para onde desejem que caminhemos, não é
também caminhar apenas pelos caminhos que nos pareçam, mais fáceis de trilhar.
Ser mais um, sendo um em verdade, é não se ater ao que parece, tentando sim se
ater ao que é, é não se corromper frente ao gostaríamos que fosse, mas se
empenhar em descobrir o que se passa no submundo das engrenagens reais, para
ser o que é, é não se curvar frente as falácias do que deveria ser, mas se
expor de corpo e alma na transformação do que já é, para que possa ser mais
humana e mais digna a realização do viver, de qualquer viver, de qualquer um,
em qualquer lugar. Ser mais um, é não ser mais um qualquer, mas é ser mais um
que sabe para onde quer ir, que se nega a seguir sem pensar, refletir, criticar
e racionalizar, se a racionalização for possível, é pelo menos tentar escolher,
se não os caminhos, pelo menos as direções, pelo menos os destinos, e saber que
todos os destinos, são meras passagens para um novo destino, nunca estaremos no
destino final, a menos que morramos neste, ai este foi o nosso destino final,
não por que o tenhamos querido ou decidido, mas porque a realização do nosso
real viver assim o fez, sem destinos traçados mas com destinos buscados,
destinos construídos em nossas passagens, destinos aprendidos em nossa jornada,
destinos que são mais as próprias vias de nosso caminhar.
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