Somos seres limitados

Somos seres limitados. Limitados pela natureza e limitados também pelo que desconhecemos. Somos limitados no ser que somos e no que nos é possível ser enquanto tivermos vida. Somos limitados no que podemos perceber, mas somos limitados também no que podemos processar mentalmente e aprender verdadeiramente. 
Desconhecemos muito, e quanto mais conhecemos, mais temos a provocativa descoberta de que muito mais ainda temos para conhecer. O bom disto tudo, é que, se não para todos, pelo menos para alguns, podemos continuar caminhando na certeza de que nunca faltará estrada para trilhar. Somos seres curiosos (ou deveríamos ser), e a curiosidade séria, com um ceticismo coerente, aliada a alguma vontade para pensar, pesquisar, experimentar, propor modelos, testar estes modelos, e com humildade para recomeçar quantas vezes forem necessário ou para abandonar o que pensávamos, quantas vezes se nos for provado algo de novo, sem jamais abrir mão de ser racional (quando possível), ser lógico e crítico (sempre), continuamente guiados pela fabulosa força da curiosidade, estará continuamente nos levando a desbravar novos conhecimentos e rever outros. Tenho a sensação de que sempre teremos como caminhar, na busca do que chamo de conhecimentos verdadeiros. As vezes sob passadas firmes e rápidas, outras sobre passadas inseguras e atoladas, algumas vezes tendo a impressão de que estamos perdido ou empacados, sem alternativas para prosseguir, como prosseguir e para onde prosseguir, mas é uma questão de tempo, e novos conhecimentos abrirão novas portas para continuarmos caminhando, com o único cuidado de não cair na tentação de seguir portas da pseudociência, a menos que consciente disto buscando algum novo modelo ou alguma nova evidencia para comprovação ou refutação. Gostemos ou não, choque os ouvidos de alguns ou não, é o método científico, e não a ciência em si (que nada cria pois que estuda o que já aqui está, o que já existe, e que nada descobre em si, pois que a ciência é o próprio conhecimento adquirido, não sendo assim a ciência o método científico), que pode nos impulsionar a cada vez mais saltarmos das crenças injustificadas para algum conhecimento do submundo da realidade, para saltarmos das pseudociências para um conhecimento real, se não completo, pelo menos racionalmente completo no que nos é neste momento de nosso conhecimento alcançar, ao invés de pararmos no simples conhecimento superficial dos fenômenos ou das crenças sem provas, mesmo que estas crenças nos pareçam verdadeiras, nos pareçam belas, intuitivas, justas ou necessárias. As verdades em si nunca fizeram pacto com o justo, com o belo, com o intuitivo ou com o necessário, a verdade independe do que eu penso ou do que eu creia que ela devesse ser, e muito menos ainda do que gostaria que ela fosse. A verdade não compactua com revelações, não se curva a autoridades do saber, ela pode ser revelada, pessoas podem dominar seu conhecimento, mas a verdade em si necessita de comprovação, e de evidências, ou no mínimo de modelos muito bem estruturados, mas sem evidencias, mesmo assim, não poderemos afirmar serem verdades. A verdade pode até se perpetuar em mitos, dogmas ou mesmo em tradições, lendas ou culturas, mas a verdade por si só não se curva a nenhum destes. Por mais complexo que seja descobrir toda a verdade, mesmo que acerca de apenas algum item em especial, com a curiosidade, e com algum ceticismo, com muito raciocínio lógico e crítico, com a proposição de modelos e com profundos e repetitivos testes de confirmação ou de refutação, enfim, na aplicação do método científico, ao nosso alcance, estaremos sempre e cada vez mais próximos destas verdades, se não por validações, pelo menos por refutações.


Ainda bem que conhecemos pouco (muito é o que conhecemos, mas muito mais é o que desconhecemos, desta forma conhecemos pouco frente a imensidão do que ainda nos falta conhecer), isto significa, entre outras coisas, que temos muito a conhecer ainda, e que o caminhar torna-se assim mais motivador, uma vez que temos sempre muito ainda a aprender, por meio de confirmações (o que talvez nunca seja absoluto, sempre será um algo aproximado, talvez sempre seja um conhecimento incompleto e imperfeito) mas também por refutações, uma vez que quando refutamos algo, aprendemos muito com isto, e sobra menos por onde caminhar.

Entre muitas coisas que poderia, e espero tenha conseguido ensinar, aos meus filhos, fico imensamente feliz se consegui mostrar a eles, e fazê-los sentir e entender o quanto podemos nos mover pelo aprendizado, pelo uso real e pleno da curiosidade, sempre com um que de ceticismo, para não aceitarmos nada de primeira mão, sem antes colocarmos em dúvida todo e qualquer conhecimento. A curiosidade talvez seja a mais poderosa força por detrás de todo aprendizado profundo, de todo conhecimento, e quando polvilhada com um que de ceticismo, o caminho torna-se mais robusto para a descoberta, sem entrega a falsas descobertas, pois que a dúvida sempre nos obrigará a ir mais forte e profundo na busca da verdade, de qualquer verdade, de toda a verdade possível.

Somos assim seres limitados, mas em nossa limitação somos criativos, ousados e capazes de muito ainda caminhar, e este caminhar é muito reconfortante quando temos a humildade de perceber nossas limitações, mas também nosso potencial.  


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Sou um ateu racional e um livre pensador, ou melhor, eu sou um ateu que tenta ser (que se compromete a ser) racional e livre pensador.

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